domingo, 16 de julho de 2017

Os segredos da Maçonaria


Publicado em 16/01/2015

 


A maçonaria já foi acusada de tudo: fazer rituais sinistros, promover orgias, querer dominar o mundo… Até de estar por trás dos assassinatos de Jack, o Estripador. Muita gente acredita que a organização controla governos e que seus integrantes usam cargos públicos para se ajudar mutuamente. Os maçons, no entanto, garantem que quase tudo isso é besteira. Eles não passariam de um grupo filosófico, filantrópico e progressista. Reconhecem que ajudam uns aos outros, mas que o dever de auxiliar um irmão está sempre sujeito à obrigação maior de cumprir a lei.

Afinal, qual é a verdade sobre essa sociedade secreta?

Hoje a Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens.
Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Eles sempre foram secretos devido a perseguições, a intolerância e a falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época. Hoje os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.
Sendo uma Sociedade Iniciática, seus membros são aceitos por convite expresso e integrados à irmandade universal, por uma cerimônia denominada iniciação. Ou seja, você não pode simplesmente querer ingressar na sociedade maçônica, você precisa ser convidado.
Esta forma de ingresso repete-se, através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre inquietaram a humanidade.
O neófito ingressa na Ordem com o grau de Aprendiz. Ao receber instruções e ensinamentos, vai aprendendo mais e mais ao grau de Companheiro e após período de estudos chega ao grau máximo do Simbolismo, ou seja, o Grau de Mestre Maçom. 
Os Maçons reúnem-se em um local ao qual denominam de Loja, e dentro dela praticam seus rituais. Estes são dirigidos por um Mestre Maçom experimentado, conhecido por Venerável Mestre. Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual denominam de Grande Arquiteto Do Universo, (G.’. A.’. D.’. U.’.). Seus ensinamentos são transmitidos através de símbolos dando assim um conhecimento hermenêutico profundo e adequado ao nível intelectual de cada indivíduo.
Os símbolos são retirados das primeiras organizações Maçônicas, dos antigos mestres construtores de catedrais. “Maçom” em francês significa pedreiro. Devido a este fato encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos, cinzéis e outros artefatos de uso da Arte Real, ou seja, instrumentos usados pelos mestres construtores de catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir ensinamentos.
Por possuir um conhecimento eclético, a Maçonaria busca nas mais diversas vertentes suas verdades e experiências, dando um caráter universal a sua doutrina.
A Maçonaria não é uma religião, pois o objetivo fundamental de toda sociedade religiosa é o culto a divindade.
Cada Loja possui independência em relação as outras Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja ou Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande Loja ou Grande Oriente denomina-se de “potência”. Esta é uma divisão puramente administrativa, pois as regras, normas, e leis máximas, denominadas “Landmarks” são comuns a todos os Maçons. Um dos Landmark básicos da Ordem é que o homem para ser aceito deve acreditar em um princípio criador independente de sua religião.
Seus integrantes seguem as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros são cristãos, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo, poderá ser o Alcorão, o Torá, o livro de Maomé, os Vedas, etc, de acordo com a religião de seus membros. No preâmbulo da primeira Constituição editada pela Grande Loja ficam registrados de forma clara os princípios em que se baseia a Ordem:
·         A Maçonaria proclama, como sempre proclamou desde sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo;
·         A Maçonaria não impõe nenhum limite a livre investigação da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade que ela de todos exige tolerância;
·         A Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as raças e de todas as crenças religiosas e políticas;
·         A Maçonaria proíbe em suas Oficinas toda discussão sobre matéria partidária, política ou religiosa, recebe os homens qualquer que sejam as suas opiniões políticas ou religiosas, humildes, embora, mas livres e de bons costumes;
·         A Maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas manifestações;
 
A Maçonaria na História
Assim como muitos europeus, foi emigrando para a América que a maçonaria atingiu o seu potencial. Na verdade é consenso entre historiadores: em nenhum país a maçonaria foi tão importante quanto nos EUA.
Para começo de conversa, os maiores acontecimentos que marcaram a independência do país foram decididos em lojas maçônicas. Em 1773, não foi de improviso que comerciantes jogaram caixas e caixas de chá no mar, em protesto contra impostos extorsivos dos ingleses. A “festa do chá” de Boston foi um evento organizado por maçons.
Nove dos 55 homens que assinaram a Declaração de Independência vinham da maçonaria, assim como um terço dos 39 que aprovaram a Constituição. Benjamin Franklin era maçom convicto, e George Washington, grão-mestre da Loja Alexandria, teria aparecido de avental cerimonial no lançamento da pedra fundamental da nova cidade.

Por falar em capital, a cidade de Washington é cheia de referências à maçonaria. Algumas são subjetivas como compassos e estrelas no traçado das ruas – o que podemos encontrar em qualquer cidade. Outras são explícitas: o tema “George Washington foi maçom” inspirou pinturas e esculturas, marcando presença nas portas do Senado e no teto do Capitólio. A cidade tem pelo menos 17 edifícios com arquitetura típica da ordem – uma mistura de estilo grego e romano, sempre acompanhada de esquadros, compassos e letras G (de God, “Deus” em inglês). Entre eles, a agora célebre Casa do Templo (no original, House of the Temple), sede americana do Rito Escocês Maçônico.


Após o sucesso da independência americana, em 1776, a maçonaria passou a ditar o passo das mudanças do planeta. Ser maçom no final do século 18 e no começo do 19 era muito cool: um clube que reunia as mentes mais inquietas e influentes.

Trazendo liberdade, igualdade e fraternidade no DNA, claro que a maçonaria estava na Revolução Francesa, em 1789. Os principais líderes, Danton e Robespierre, não eram da ordem, mas a Marselhesa foi composta na loja de Marselha. Em 1810, a maçonaria inspirou a criação da Carbonária, sociedade secreta que buscaria a independência da Itália. Três futuros libertadores da América, o chileno Bernardo O’Higgins, o venezuelano Simón Bolívar e o argentino José de San Martín, frequentavam a mesma loja em Londres, uma convivência que mudou um continente. É possível dizer que a maçonaria participou da independência de todos os países da América do Sul.


O que inclui o Império Brasileiro, do início ao fim. Em 1822, nossa independência de Portugal foi proclamada por um grão-mestre, dom Pedro 1º. E a Proclamação da República, em 1899, foi feita por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. E os maçons continuaram atuantes durante a nossa República Velha, chegando inclusive à Presidência, com Nilo Peçanha e, na sequência, Hermes da Fonseca.
Mundialmente, a ordem viveu uma crise a partir da década de 1930, quando seus membros mais à direita (fascistas) e à esquerda (comunistas) não vestiam mais o mesmo avental. Aliás, os maçons também estão entre as vítimas do Holocausto – entre 80 mil e 200 mil irmãos morreram em campos nazistas.
Nos anos 50, a ordem chegou a ter uma filiação recorde nos EUA. Mas, a geração seguinte, dos babyboomers, não se interessou – as revoluções passaram longe das Lojas.
Prática da conspiração
A lista de maçons poderosos ainda é grande. Entre os 6 milhões de membros no mundo estão o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o príncipe Philip, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, e até Al Gore, vice-presidente de Bill Clinton. O fato de haver nos EUA muitos políticos e juízes membros da maçonaria incita ainda mais o mistério por trás das práticas dessa sociedade iniciática.
É inegável que a maçonaria ainda possui membros influentes – o que não significa que ela ainda exerça influência. Um exemplo prático vem do Reino Unido, onde, a partir de 1997 todos os maçons trabalhando no sistema judiciário foram obrigados a declarar que eram membros da ordem. O argumento era de que a lealdade dos irmãos à irmandade poderia distorcer seu trabalho, e o público tinha direito de saber quem era maçom, para poder acompanhar sua conduta a partir desse fato. Em 12 anos, “nenhuma impropriedade ou má prática foi verificada por parte dos juízes pelo fato de eles serem maçons”, declarou o secretário de Justiça inglês, Jack Straw, ele mesmo um apoiador da lei, que derrubou em 5 de novembro de 2009.


E quanto à Nova Ordem Mundial?
Para quem não está por dentro dessa teoria da conspiração, seria um governo único, que comandaria todo planeta e que estaria sendo planejado por maçons – ou pelos Illuminati, ou pelos cavaleiros templários, pelo 4º Reich, enfim. Não há informações sobre os últimos 3 grupos, até porque não consta que eles existam. Isso é impedido pela própria forma como a maçonaria é organizada: as lojas maçônicas são independentes, abrigam irmãos com pontos de vista muito diferentes e não têm de onde tirar uma ação global coordenada. Ainda mais secreta.Na verdade, a grande mudança que espera quem entra na maçonaria não é no mundo, mas na própria vida.
Secretos não, DISCRETOS
“Os maçons já foram secretos. Ao longo do século 20, passaram a se definir como discretos. Hoje, caminham para se tornar uma sociedade civil aberta”, diz o ex-maçom britânico Martin Short, autor de Inside the Brotherhood, que critica a ordem.
No entanto, a abertura da sociedade secreta mais conhecida do mundo incomoda alguns irmãos, que vêem a proliferação de sites, jornais e revistas como um afastamento das origens. De fato, hoje já é possível se candidatar a maçom por e-mail (apesar de que um convite pessoal é, de longe, a forma mais garantida de entrar). Em seu site, a Grande Loja Maçônica do Espírito Santo mantém uma Rádio Cultura Maçônica. E a página do Grande Oriente do Brasil, seção Rio de Janeiro, oferece um tour virtual pelo Palácio Maçônico do Lavradio.
“Não existem mais segredos na maçonaria. Eles vêm sendo revelados lentamente”, diz o historiador britânico W. Kirk MacNulty, maçom há 4 décadas. “Se existe algum segredo, ele é individual, intransferível – é a experiência dos rituais maçônicos. Como explicar o gosto de uma laranja para quem nunca a comeu?”, diz o pesquisador alemão Snoek. Por outro lado, se faltam mistérios, sobram boatos.


Que tal uma bancada maçônica? Um grão-mestre garante que, nas últimas eleições para prefeitos e vereadores, a maçonaria no estado de São Paulo fez campanha interna para que maçons votassem e apoiassem candidatos maçons. Segundo ele, deu certo: a maçonaria teria emplacado 13 prefeitos e 54 vereadores – ele só não diz quem e onde. Pretendem fazer o mesmo com deputados em 2010.


E esta é internacional: em Israel, a Grande Loja de Tel-Aviv é um espaço de encontro de cristãos, judeus e muçulmanos. Apesar de a maçonaria ser contra discussões políticas nos templos, todos ali estão dispostos a encontrar soluções para os problemas milenares da região. “Só em um local fechado e completamente sigiloso esse tipo de reunião improvável pode acontecer regularmente”, afirma o historiador alemão Jan Snoek, que pesquisa o tema na Universidade de Heidelberg. Ou seja: se qualquer plano de paz surgir daqui para a frente para resolver a questão entre israelenses e palestinos, é possível que haja o dedo da maçonaria.
E o que os maçons acham de toda a curiosidade em torno da ordem? Em conversas privadas, reclamam muito dos livros, filmes e sites que prometem revelar seus segredos. Argumentam que o tratamento é injusto e exagera aspectos menos importantes. Nesse caso, a postura oficial é não se manifestar publicamente.
Mas será mesmo que a Ordem não está apenas se adaptando aos tempos modernos. Com o advento da internet, a velocidade na comunicação no globo é extraodinária e tudo está exposto, nada mais é encoberto. Seria uma tática para desviar a atenção, desmistificando rasamente suas práticas, inclusive sendo exploradas mais por livros e canais de tv, com teor mais sensacional, extrapolando a realidade, justamente para cair no senso comum de que "A Ordem não é para ser levada a sério, enquanto, nos mais altos níveis da sociedade ainda são guardados os segredos e poderes, porém, fora da curiosidade popular".

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