terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Como gostaria de ter uma Loj.'.

Não quero apenas mais uma Loj.’. Maç.’.
Quero uma Loj.’. que seja um Estado de Espírito.

Quero um centro de solidariedade, onde todos sofram as aflições e comemorem o justo regozijo de cada um.

Quero um Templo (vermelho ou azul), ungido pelo orvalho de Hermon, aonde cada Ir.’. possa chorar quando quiser e possa sorrir com os olhos, o coração franqueado à compreensão e à razão, predispostas ao diálogo.
Quero ver os meus IIr.’., todos os dias, ouvir suas ideias e críticas às minhas ideias.

Quero divergir e, assim, convergir no mesmo ideal.
Não quero apenas mais uma Loj.’. Maç.’.

Quero uma Loj.’. livre e que ajude a libertar.
Quero uma Loj.’. igual, onde todos realmente se igualem.

Quero uma assembléia onde se possa debater com a liberdade e a simpatia que estão ausentes no mundo profano.
Quero uma Ofic.’. onde todos aprendam juntos a compreender os desígnios do G.’.A.’.D.’.U.’.

Não desejo apenas uma Loj.’. onde prevaleça a vontade de alguns.
Quero uma Loj.’. onde a maioria respeite as convicções da minoria, onde se cultiva a fraternidade, sinônimo de amor sem condições e perdão sem restrições.

Quero uma Loj.’. dedicada à construção de um Templo diverso do templo profano: um Templo mais amigo, mais piedoso e, sobretudo, mais justo.
Não desejo umaLoj.’. de elite, insensível e presunçosa. Quero uma pequena comunidade onde todos sejam líderes de suas próprias crenças, aonde cada Ir.’. perdoe os defeitos alheios, na mesma medida em que lhes são desculpados seus próprios senões.

Não desejo uma Loj.’., onde todos cumpram seus deveres somente porque a lei exige.
Quero uma Loj.’. de cargos simbólicos, onde não haja apenas contribuintes, aonde todos venham pelo puro prazer de vir. Uma Loj.’. que faça parte da vida de cada um, do credo pessoal de cada um, do modo de ser de cada um.

Não desejo uma Loj.’. de maçons perfeitos. Que o G.’.A.’.D.’.U.’. nos livre dos homens perfeitos. Eles nunca erram, porque jamais fazem. Eles nunca odeiam, porque jamais amam.
Quero uma Loj.’. de maçons que mereçam a caridade que fazem a si próprios e ao próximo, porque ninguém é de fato uma pedra polida.
Não desejo uma Loj.’. completa.

Quero uma Loj.’. onde não haja erros e acertos, mas que procure em cada vocábulo emitido, o quanto de amor transmite.

Quero uma Loj.’. onde haja equívocos, contradições e, até mesmo, ilusões. Quero uma opção de aprimoramento espiritual.
Não quero uma Loj.’. de homens ricos, nem quero uma com corruptos e oportunistas.

Quero uma Loj.’. onde ninguém se eleve senão pelo trabalho, onde ninguém se acomode, onde todos sejam eternos insatisfeitos.
Quero uma Loj.’. onde o segredo não precise ser jurado e continue segredo.

Quero uma Ofic.’. humilde e crítica.
Não quero apenas mais uma Loj.’. Maç.’.

Quero uma Loj.’. de pequenas dimensões e de grandes obras, onde um dia possa fazer do meu filho, meu Ir.’.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Está tudo "Justo e Perfeito"?


A expressão “Justo e Perfeito” é encontrada pela primeira vez no L.'. L.'., mais especificamente no Livro de Gênesis, onde é retratada a história do Dilúvio.
 
O G.'. A.'. D.'. U.'., que é Deus, “arrependendo-se de ter criado o homem”, eis que este havia se esquecido de praticar o bem, trilhando pelos caminhos da iniquidade, corrompendo a humanidade, resolveu destruir a Terra com um Dilúvio de proporção imensurável.
 
No capítulo 6, versículo 9, encontramos:
“Esta é a história de Noé. Noé era um homem Justo e Perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus”.
 
Em Gênesis, capítulo 7, versículos 1-3, assim o G.'. A.'. D.'. U.'. se manifesta:
“O Senhor disse a Noé: Entra na arca que construístes, tu e toda a tua casa, porque te reconheci JUSTO diante dos meus olhos, entre os de tua geração.”
 
Mas onde, quando e como surgiu para a Maçonaria?
 
A expressão: "justo e perfeito", segundo José Castellani, remonta às organizações medievais de canteiros (trabalhadores em cantaria, ou seja, no esquadrejamento da pedra bruta). Como os bons profissionais eram muito requisitados, havia muita rivalidade entre as corporações, valendo, nesse caso, até a sabotagem do trabalho, a qual consistia em penetrar no terreno do concorrente e fazer um leve desbastamento da pedra já cúbica, difícil de constatar pelo olho humano, porém, quando usada na construção, daria diferença, comprometendo aquele núcleo de pedreiros e maculando sua imagem.
 
Assim, no fim do dia de trabalho, por ordem do Master (que era o proprietário, ou um seu preposto), um Warden (zelador, ou vigilante), media a horizontalidade da obra, com o nível, enquanto o outro media a perpendicularidade, com o prumo, e, se tudo estivesse em ordem, comunicavam ao Master: "tudo está Justo e Perfeito".
 
Na manhã do dia seguinte, a operação era repetida, da mesma maneira, para prevenir eventuais sabotagens durante a noite, pois da forma cúbica das pedras, dependia a estabilidade das construções.
 
Se tudo estivesse "Justo e Perfeito" os trabalhos eram continuados.
 
A expressão “Está tudo Justo e Perfeito” também é utilizada como cumprimento e reconhecimento entre os maçons, inclusive de graus dos IIr.’.
 
Mas será que está tudo JUSTO E PERFEITO com a atual Maçonaria? E as queixas de IIr.’. de que nada vai bem na Maçonaria de hoje, que ela anda meio que adormecida?
 
Está sim Tudo Justo e Perfeito, pois a Maçonaria de hoje ainda permanece como a Maçonaria de ontem. Sua filosofia é eterna assim como seus ensinamentos. O que mudou então?
 
Como disse, nada mudou na Maçonaria, mudou sim a atitude de alguns IIr.’. que não conseguem assimilar seus ensinamentos deixando de incorporá-los no seu Templo Interior, ou seja, não os praticam, não andam na sina das virtudes, muitas vezes vilipendiando-a, deixando de ser um maçom autêntico. São os vaidosos, antiéticos e hipócritas que vivem em nosso meio. Esses profanos de avental se esquecem de renunciar ao TER, para passar a acreditar e ter atitude, no SER.
 
Essa é a essência do que acontece na Maçonaria de hoje:
Não levam consigo para o mundo profano os preceitos e ensinamentos da sublime Arte Real. Muito pelo contrário, trazem do mundo profano todas as imperfeições possíveis semeando a desarmonia na Loja, pregando a desagregação entre os IIr.’. e o desequilíbrio nos nossos trabalhos.
 
Quando passamos pelo Ritual da Iniciação Maçônica, renunciamos ao TER, passando a SER útil aos nossos pares, órfãos e viúvas, que é o grande objetivo da Maçonaria.
 
Ninguém nos obrigou a assumir esse sério compromisso, mas quando o assumimos juramos sempre buscá-lo a fim de contribuir para o engrandecimento do nosso EU interior e contribuirmos para o bem estar da Humanidade.
 
Portanto, temos que colocar em prática no mundo profano a doutrina e os ensinamentos maçônicos transformando-os em uma filosofia de vida, como muito trabalho e ação.
 
O grande Maçom Albert Pike, nos deixa uma grande lição. Assim ele discorre:
“É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração devia ter em abundância, mas quase sempre é o inverso do que o homem pratica”.
 
 O Ir.’. Carlos Simões Fonseca, Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico do GOB-ES, em sua peça de arquitetura “Por uma Ética Maçônica”, publicada duplamente, tanto no site do GOB-ES, quanto na Revista Maçônica “A Trolha”, discorre, com muita propriedade, sobre o comportamento do Maçom atual da seguinte forma:
 
“O maior desafio para um maçom, tenho repetido isto, é honrar e representar a instituição no desempenho de suas atividades como homem, profissional, cidadão e chefe de família, pois deve ser exemplo de postura ética e moral numa sociedade excessivamente individualista, consumista, voraz, onde o TER a todo o momento procura absorver o SER numa luta desigual e numa competição desenfreada, incompreensível e desumana. Uma sociedade em que valores familiares são desconsiderados, onde a honestidade, a honradez e a correção de conduta são tidas como sinônimo de atraso, de práticas ultrapassadas.
 
Mas sempre haverá um maçom nesse meio, o chamado “Iniciado nos Augustos Mistérios da Sublime Ordem”, envolvido nesse turbilhão, atônito, muitas vezes impotente para reagir porque se apega exclusivamente às coisas do “mundo exterior” e não aplica as lições que aprendeu no “mundo interior do templo maçônico”, o que faz nascer o conflito, a quebra da ética e do decoro pessoais, numa cadeia que o afeta, de condutas reprováveis como nunca se presenciou antes, contaminando a convivência dentro de nossas LLoj.’.
 
Fora é uma pessoa, dentro aparenta ser outra, mas sempre conflitante na prática dos princípios éticos e morais maçônicos, o que traz como consequência a quebra da harmonia e da confiança no seio de uma Loj.’., e consequentemente espraia por toda a Ordem”.
 
É certo que ser Justo e Perfeito não é tarefa das mais fáceis, pois devemos procurar diariamente a busca pelo autoconhecimento, enfrentando e aceitando nossa dualidade, rejeitando as ocupações supérfluas e os pensamentos inúteis, certamente estaremos bem mais perto do “Justo e Perfeito”.
 
O filósofo Platão afirma que “o homem justo será aquele que tem uma alma harmônica, ou seja, respeita a ordem natural das coisas. A natureza “quer” que o homem seja orientado pela razão. O homem injusto se deixa governar somente pela sua parte concupiscente e irascível”.
 
Os IIr.’. certamente conhecem a abreviatura da frase em latim, V. ‘. I.’. T.’. R.’, I.’, O.’, L.’., que significa: “Visita Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”.
Traduzindo ao pé da letra: “Visita o interior da Terra e, retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta”.
 
A profundidade de tal frase, a princípio, nos salta aos olhos, mas ela nos remete a um exame profundo do nosso Templo Interior desde que iniciamos na Arte Real, pois é meditando nesse silêncio profundo que buscaremos um novo homem que, após iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria, trabalha seu espírito para que, arrebentando os grilhões dos vícios, possa adotar novos e claros padrões de Moral e Virtude que anteriormente estavam submersos nos escaninhos de seu coração, num aprendizado constante e incessante da prática de boas ações, com respeito às normas, os ensinamentos, princípios e ideais maçônicos.
 
Assim, meus IIr.'. para que tudo de fato esteja JUSTO E PERFEITO, devemos deixar de lado a hipocrisia, a falta de ética e sermos maçons de verdade. Primeiro, absorvendo e incorporando os ensinamentos da Ordem.
 
Segundo, colocando-os em prática na vida profana, pois só assim poderemos concluir que tudo realmente está e estará JUSTO E PERFEITO.
 
Barra de São Francisco-ES, 25 de agosto de 2007.
Ir.’. Alexandre Simões Fonseca A.’. M.’.
A.’. R.’. L.’. S.’. 14 de julho nº 1448 – GOB/ES