sábado, 2 de abril de 2016

Prancha de um A.'. M.'. sobre a Tolerância



Giovani Francisco de Santana - A.’. M.’.

A.’.R.’.L.’.S.’. “Solidariedade” nº 286

Or.’. de São Bernardo do Campo - SP

lido em reunião conjunta de 28/03/2016 da E.’.V.’.


Com grande alegria que apresento essa Prancha num momento tão especial, quando podemos congregar entre os VVal.’. IIr.’. das AAug.’. e RResp.’. LLoj.’. SSimb.’. “ Stella Matutina” nº 658, “Chequer Nassif” nº 169, Fraternidade de Ribeirão Pires nº 123 e Solidariedade nº 286. 

Não por acaso essa Assembleia acontece um dia após uma data tão especial que é a Páscoa, inicialmente uma comemoração judaica pela conquista da liberdade do povo Hebreu que vivia como escravo no Egito, e depois ampliada pelos cristãos com um novo sentido após a Ressureição de Cristo.  

Esses elementos fundamentados em duas grandes religiões, podem trazer grandes ensinamentos independentemente do credo de quem os recebem.  

Essa é uma das benesses atribuídas à Tolerância, que é um dos pilares da nossa Sublime Ordem, e que nos possibilitam dentro de nossas Lojas crescermos em harmonia e respeito às diversidades. 

Por conta das comemorações da Páscoa Cristã, podemos citar alguns exemplos de Tolerância que o Grande Mestre Jesus Cristo nos ensina baseado em suas pregações e principalmente em suas ações que foram sempre pautadas na doçura, na paciência e na indulgência.  

É o pai de família que acolhe o filho pródigo, é o operário que vem de última hora e é pago como os demais, é o samaritano caridoso, o próprio Jesus que justifica seus discípulos por não jejuarem, perdoa a mulher pecadora e não se enfurece sequer contra Judas, que deve traí-lo. 

Como podemos ver, Tolerância, uma palavra fácil de se pronunciar, cabe em cada uma dessas atitudes, que não são nada fáceis de tomar, principalmente quando nos sentimos feridos no íntimo dos nossos supostos direitos, e que temos como reação imediata e quase irracional, a justiça em nossa medida e conceito.  

Infelizmente temos exemplos de intolerância religiosa muito recentes, como os atentados terroristas ocorridos na última semana em Bruxelas, no Iraque e no Paquistão, onde dezenas perderam suas preciosas vidas e centenas estão feridas, e que tem se repetido com uma frequência assustadora.  

Acredito que esses fatos não abrirão discussões dentro da nossa Ordem por um simples motivo, elas nunca cessaram.  

Na Maç.’., a Tolerância é um tema constante e não de momentos alternados, porque no curso da sua brilhante história sempre sofreu e há de sofrer perseguições como reflexos da ignorância, do fanatismo que geram a intolerância. 

Não vejo a intolerância como uma instituição, uma religião, uma confraria ou qualquer imagem de algo coletivo. Vejo-a como fruto de uma mente pouco evoluída, limitada e escrava, que se torna solo fértil para germinar sementes de preconceito, de desrespeito, de incompreensão, de desigualdade e de não fraternidade. 

Essas mentes quando arregimentadas em nome de vãs filosofias, quase sempre convergem para o benefício de poucos, para manobras e objetivos mesquinhos, sob o álibi de dogmas inexplicáveis. 

O combustível para intolerância, muitas vezes é, ironicamente, a própria intolerância, gerando um círculo vicioso do mal que atua no campo religioso, étnico, político, filosófico e outros. 

No Tratado sobre a Tolerância, de Voltaire, uma primorosa obra, podemos observar que em suas considerações do capítulo IV, nomeado “Se a Tolerância é perigosa, em que povos ela é permitida”, a seguinte narrativa: 

“O governo da China jamais adotou, desde mais de quatro mil anos que é conhecido, senão o culto dos noáchidas, a adoração simples de um único Deus: no entanto, tolera as superstições de Fô...  

É verdade que o grande imperador Yung-Ching, talvez o mais sábio e magnânimo que ouve na China, expulsou os jesuítas, mas não porque fosse intolerante, e sim porque os jesuítas, ao contrário, o eram.” 

Apenas para uma reflexão final: 

Ora, sendo os jesuítas cristãos, e tendo todos os seus preceitos baseados nos ensinamentos do Mestre Jesus, quais seriam os reais motivos de serem reconhecidos, como foram na China medieval como intolerantes? 

Estamos nós cheios das “certezas absolutas”?

Estamos nós dispostos a impor nossas “verdades imutáveis”? 

Estamos preparando nossas mentes para receber o bem, o novo, o diferente, ou estamos presos ao reacionário que limita o espirito?  

Que o G.’.A.’.D.’.U.’., que nos concedeu a graça de aqui estarmos entre IIr.’., derrame suas benção sobre nossas LLoj.’. e nossos Lares. 

Bibliografia:
Voltaire -Tratado sobre a Tolerância.

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