Publicado
em 16/01/2015
A maçonaria já foi acusada de tudo:
fazer rituais sinistros, promover orgias, querer dominar o mundo… Até de estar
por trás dos assassinatos de Jack, o Estripador. Muita gente acredita que a
organização controla governos e que seus integrantes usam cargos públicos para
se ajudar mutuamente. Os maçons, no entanto, garantem que quase tudo isso é
besteira. Eles não passariam de um grupo filosófico, filantrópico e
progressista. Reconhecem que ajudam uns aos outros, mas que o dever de auxiliar
um irmão está sempre sujeito à obrigação maior de cumprir a lei.
Afinal,
qual é a verdade sobre essa sociedade secreta?
Hoje a Maçonaria é uma sociedade
discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente
de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens.
Seus princípios são a Tolerância, a
Filantropia e a Justiça. Eles sempre foram secretos devido a perseguições, a
intolerância e a falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da
época. Hoje os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação,
espalhando-se por todos os países do mundo.
Sendo uma Sociedade Iniciática, seus
membros são aceitos por convite expresso e integrados à irmandade universal,
por uma cerimônia denominada iniciação. Ou seja, você não pode simplesmente
querer ingressar na sociedade maçônica, você precisa ser convidado.
Esta forma de ingresso repete-se,
através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o
iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre
inquietaram a humanidade.
O neófito ingressa na Ordem com o
grau de Aprendiz. Ao receber instruções e ensinamentos, vai aprendendo mais e
mais ao grau de Companheiro e após período de estudos chega ao grau máximo do
Simbolismo, ou seja, o Grau de Mestre Maçom.
Os Maçons reúnem-se em um local ao
qual denominam de Loja, e dentro dela praticam seus rituais. Estes são
dirigidos por um Mestre Maçom experimentado, conhecido por Venerável Mestre.
Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual
denominam de Grande Arquiteto Do Universo, (G.’. A.’. D.’. U.’.). Seus
ensinamentos são transmitidos através de símbolos dando assim um conhecimento
hermenêutico profundo e adequado ao nível intelectual de cada indivíduo.
Os símbolos são retirados das
primeiras organizações Maçônicas, dos antigos mestres construtores de
catedrais. “Maçom” em francês significa pedreiro. Devido a este fato
encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos, cinzéis e outros artefatos de
uso da Arte Real, ou seja, instrumentos usados pelos mestres construtores de
catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir ensinamentos.
Por possuir um conhecimento eclético,
a Maçonaria busca nas mais diversas vertentes suas verdades e experiências,
dando um caráter universal a sua doutrina.
A Maçonaria não é uma religião, pois
o objetivo fundamental de toda sociedade religiosa é o culto a divindade.
Cada Loja possui independência em
relação as outras Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja ou
Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande Loja ou Grande Oriente
denomina-se de “potência”. Esta é uma divisão puramente administrativa, pois as
regras, normas, e leis máximas, denominadas “Landmarks” são comuns a todos os
Maçons. Um dos Landmark básicos da Ordem é que o homem para ser aceito deve
acreditar em um princípio criador independente de sua religião.
Seus integrantes seguem as mais
diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros são
cristãos, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que
ocupa o lugar de destaque no Templo, poderá ser o Alcorão, o Torá, o livro de
Maomé, os Vedas, etc, de acordo com a religião de seus membros. No preâmbulo da
primeira Constituição editada pela Grande Loja ficam registrados de forma clara
os princípios em que se baseia a Ordem:
·
A Maçonaria proclama, como sempre
proclamou desde sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob a
denominação de Grande Arquiteto do Universo;
·
A Maçonaria não impõe nenhum limite a
livre investigação da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade que ela
de todos exige tolerância;
·
A Maçonaria é, portanto, acessível
aos homens de todas as raças e de todas as crenças religiosas e políticas;
·
A Maçonaria proíbe em suas Oficinas
toda discussão sobre matéria partidária, política ou religiosa, recebe os
homens qualquer que sejam as suas opiniões políticas ou religiosas, humildes,
embora, mas livres e de bons costumes;
·
A Maçonaria tem por fim combater a
ignorância em todas as suas manifestações;
A Maçonaria na História
Assim
como muitos europeus, foi emigrando para a América que a maçonaria atingiu o
seu potencial. Na verdade é consenso entre historiadores: em nenhum país a
maçonaria foi tão importante quanto nos EUA.
Para começo de conversa, os maiores
acontecimentos que marcaram a independência do país foram decididos em lojas
maçônicas. Em 1773, não foi de improviso que comerciantes jogaram caixas e
caixas de chá no mar, em protesto contra impostos extorsivos dos ingleses. A
“festa do chá” de Boston foi um evento organizado por maçons.
Nove dos 55 homens que assinaram a
Declaração de Independência vinham da maçonaria, assim como um terço dos 39 que
aprovaram a Constituição. Benjamin Franklin era maçom convicto, e George
Washington, grão-mestre da Loja Alexandria, teria aparecido de avental
cerimonial no lançamento da pedra fundamental da nova cidade.
Por falar em capital, a cidade de Washington é cheia de referências à maçonaria. Algumas são subjetivas como compassos e estrelas no traçado das ruas – o que podemos encontrar em qualquer cidade. Outras são explícitas: o tema “George Washington foi maçom” inspirou pinturas e esculturas, marcando presença nas portas do Senado e no teto do Capitólio. A cidade tem pelo menos 17 edifícios com arquitetura típica da ordem – uma mistura de estilo grego e romano, sempre acompanhada de esquadros, compassos e letras G (de God, “Deus” em inglês). Entre eles, a agora célebre Casa do Templo (no original, House of the Temple), sede americana do Rito Escocês Maçônico.
Por falar em capital, a cidade de Washington é cheia de referências à maçonaria. Algumas são subjetivas como compassos e estrelas no traçado das ruas – o que podemos encontrar em qualquer cidade. Outras são explícitas: o tema “George Washington foi maçom” inspirou pinturas e esculturas, marcando presença nas portas do Senado e no teto do Capitólio. A cidade tem pelo menos 17 edifícios com arquitetura típica da ordem – uma mistura de estilo grego e romano, sempre acompanhada de esquadros, compassos e letras G (de God, “Deus” em inglês). Entre eles, a agora célebre Casa do Templo (no original, House of the Temple), sede americana do Rito Escocês Maçônico.
Após o sucesso da independência
americana, em 1776, a maçonaria passou a ditar o passo das mudanças do planeta.
Ser maçom no final do século 18 e no começo do 19 era muito cool: um clube que
reunia as mentes mais inquietas e influentes.
Trazendo liberdade, igualdade e fraternidade no DNA, claro que a maçonaria estava na Revolução Francesa, em 1789. Os principais líderes, Danton e Robespierre, não eram da ordem, mas a Marselhesa foi composta na loja de Marselha. Em 1810, a maçonaria inspirou a criação da Carbonária, sociedade secreta que buscaria a independência da Itália. Três futuros libertadores da América, o chileno Bernardo O’Higgins, o venezuelano Simón Bolívar e o argentino José de San Martín, frequentavam a mesma loja em Londres, uma convivência que mudou um continente. É possível dizer que a maçonaria participou da independência de todos os países da América do Sul.
O que inclui o Império Brasileiro, do início ao fim. Em 1822, nossa independência de Portugal foi proclamada por um grão-mestre, dom Pedro 1º. E a Proclamação da República, em 1899, foi feita por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. E os maçons continuaram atuantes durante a nossa República Velha, chegando inclusive à Presidência, com Nilo Peçanha e, na sequência, Hermes da Fonseca.
Trazendo liberdade, igualdade e fraternidade no DNA, claro que a maçonaria estava na Revolução Francesa, em 1789. Os principais líderes, Danton e Robespierre, não eram da ordem, mas a Marselhesa foi composta na loja de Marselha. Em 1810, a maçonaria inspirou a criação da Carbonária, sociedade secreta que buscaria a independência da Itália. Três futuros libertadores da América, o chileno Bernardo O’Higgins, o venezuelano Simón Bolívar e o argentino José de San Martín, frequentavam a mesma loja em Londres, uma convivência que mudou um continente. É possível dizer que a maçonaria participou da independência de todos os países da América do Sul.
O que inclui o Império Brasileiro, do início ao fim. Em 1822, nossa independência de Portugal foi proclamada por um grão-mestre, dom Pedro 1º. E a Proclamação da República, em 1899, foi feita por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. E os maçons continuaram atuantes durante a nossa República Velha, chegando inclusive à Presidência, com Nilo Peçanha e, na sequência, Hermes da Fonseca.
Mundialmente, a ordem viveu uma crise
a partir da década de 1930, quando seus membros mais à direita (fascistas) e à
esquerda (comunistas) não vestiam mais o mesmo avental. Aliás, os maçons também
estão entre as vítimas do Holocausto – entre 80 mil e 200 mil irmãos morreram
em campos nazistas.
Nos anos 50, a ordem chegou a ter uma
filiação recorde nos EUA. Mas, a geração seguinte, dos babyboomers, não se
interessou – as revoluções passaram longe das Lojas.
Prática da
conspiração
A lista de maçons poderosos ainda é
grande. Entre os 6 milhões de membros no mundo estão o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, o príncipe Philip, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, e até Al
Gore, vice-presidente de Bill Clinton. O fato de haver nos EUA muitos políticos
e juízes membros da maçonaria incita ainda mais o mistério por trás das
práticas dessa sociedade iniciática.
É inegável que a maçonaria ainda
possui membros influentes – o que não significa que ela ainda exerça
influência. Um exemplo prático vem do Reino Unido, onde, a partir de 1997 todos
os maçons trabalhando no sistema judiciário foram obrigados a declarar que eram
membros da ordem. O argumento era de que a lealdade dos irmãos à irmandade
poderia distorcer seu trabalho, e o público tinha direito de saber quem era
maçom, para poder acompanhar sua conduta a partir desse fato. Em 12 anos,
“nenhuma impropriedade ou má prática foi verificada por parte dos juízes pelo
fato de eles serem maçons”, declarou o secretário de Justiça inglês, Jack
Straw, ele mesmo um apoiador da lei, que derrubou em 5 de novembro de 2009.
E quanto à Nova
Ordem Mundial?
Para quem não está por dentro dessa
teoria da conspiração, seria um governo único, que comandaria todo planeta e
que estaria sendo planejado por maçons – ou pelos Illuminati, ou pelos
cavaleiros templários, pelo 4º Reich, enfim. Não há informações sobre os
últimos 3 grupos, até porque não consta que eles existam. Isso é impedido pela
própria forma como a maçonaria é organizada: as lojas maçônicas são independentes,
abrigam irmãos com pontos de vista muito diferentes e não têm de onde tirar uma
ação global coordenada. Ainda mais secreta.Na verdade, a grande mudança que
espera quem entra na maçonaria não é no mundo, mas na própria vida.
Secretos
não, DISCRETOS
“Os maçons já foram secretos. Ao
longo do século 20, passaram a se definir como discretos. Hoje, caminham para
se tornar uma sociedade civil aberta”, diz o ex-maçom britânico Martin Short,
autor de Inside the Brotherhood, que critica a ordem.
No entanto, a abertura da sociedade
secreta mais conhecida do mundo incomoda alguns irmãos, que vêem a proliferação
de sites, jornais e revistas como um afastamento das origens. De fato, hoje já
é possível se candidatar a maçom por e-mail (apesar de que um convite pessoal
é, de longe, a forma mais garantida de entrar). Em seu site, a Grande Loja
Maçônica do Espírito Santo mantém uma Rádio Cultura Maçônica. E a página do
Grande Oriente do Brasil, seção Rio de Janeiro, oferece um tour virtual pelo
Palácio Maçônico do Lavradio.
“Não existem mais segredos na
maçonaria. Eles vêm sendo revelados lentamente”, diz o historiador britânico W.
Kirk MacNulty, maçom há 4 décadas. “Se existe algum segredo, ele é individual,
intransferível – é a experiência dos rituais maçônicos. Como explicar o gosto
de uma laranja para quem nunca a comeu?”, diz o pesquisador alemão Snoek. Por
outro lado, se faltam mistérios, sobram boatos.
Que tal uma bancada maçônica? Um
grão-mestre garante que, nas últimas eleições para prefeitos e vereadores, a
maçonaria no estado de São Paulo fez campanha interna para que maçons votassem
e apoiassem candidatos maçons. Segundo ele, deu certo: a maçonaria teria
emplacado 13 prefeitos e 54 vereadores – ele só não diz quem e onde. Pretendem
fazer o mesmo com deputados em 2010.
E esta é internacional: em Israel, a
Grande Loja de Tel-Aviv é um espaço de encontro de cristãos, judeus e
muçulmanos. Apesar de a maçonaria ser contra discussões políticas nos templos,
todos ali estão dispostos a encontrar soluções para os problemas milenares da
região. “Só em um local fechado e completamente sigiloso esse tipo de reunião
improvável pode acontecer regularmente”, afirma o historiador alemão Jan Snoek,
que pesquisa o tema na Universidade de Heidelberg. Ou seja: se qualquer plano
de paz surgir daqui para a frente para resolver a questão entre israelenses e
palestinos, é possível que haja o dedo da maçonaria.
E o que os maçons acham de toda a
curiosidade em torno da ordem? Em conversas privadas, reclamam muito dos
livros, filmes e sites que prometem revelar seus segredos. Argumentam que o
tratamento é injusto e exagera aspectos menos importantes. Nesse caso, a
postura oficial é não se manifestar publicamente.
Mas será mesmo que a Ordem não está
apenas se adaptando aos tempos modernos. Com o advento da internet, a
velocidade na comunicação no globo é extraodinária e tudo está exposto, nada mais
é encoberto. Seria uma tática para desviar a atenção, desmistificando rasamente
suas práticas, inclusive sendo exploradas mais por livros e canais de
tv, com teor mais sensacional, extrapolando a realidade, justamente para
cair no senso comum de que "A Ordem não é para ser levada a sério,
enquanto, nos mais altos níveis da sociedade ainda são guardados os segredos e
poderes, porém, fora da curiosidade popular".
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