Enviado pelo Ir.’. José Carlos Vicenzo
A.'.R.'.l.'.S.'. "Luz e Glória" nº 848
A.'.R.'.l.'.S.'. "Luz e Glória" nº 848
em 10/07/2017 por email
I - Respeitando a Deus e à Religião
Um Pedreiro é obrigado, pela sua condição, a obedecer à lei
moral. E, se compreende corretamente a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um
libertino irreligioso. Mas, embora, nos tempos antigos, os pedreiros fossem
obrigados, em cada país, a ser da religião desse país ou nação, qualquer que
ela fosse, julga-se agora mais adequado obrigá-los apenas àquela religião na
qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas convicções próprias:
isto é, a serem homens bons e leais ou homens honrados e honestos, quaisquer
que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir. Por consequência,
a Maçonaria converte-se no Centro de União e no meio de conciliar uma amizade
verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer sempre distanciadas.
II - Do Magistrado Civil supremo e
subordinado
Um Pedreiro é um súbdito tranquilo do poder civil, onde quer
que resida ou trabalhe e nunca deve imiscuir-se em planos e conspirações contra
a paz e o bem-estar da nação, nem se comportar indevidamente para com os
magistrados inferiores. Porque, como a Maçonaria tem sido sempre prejudicada
pela guerra, a efusão de sangue e a desordem, assim os antigos reis e príncipes
dispuseram-se a encorajar os artífices por causa da sua tranquilidade e
lealdade, por meio das quais respondiam, na prática, às cavilações dos
adversários e concorriam para a honra da Fraternidade, sempre florescente em
tempo de paz. Eis porque, se um irmão for rebelde para com o Estado, não deve
ser apoiado na sua rebelião conquanto possa ser lamentado como um infeliz; e,
se não for culpado de nenhum outro crime, embora a Fraternidade leal deva e
tenha de rejeitar a sua rebelião e não dar sombra ou base de desconfiança
política ao governo existente, não pode expulsá-lo da loja e a sua relação para
com ela permanece indefectível.
III - Das Lojas
Uma Loja é o local onde se reúnem e trabalham pedreiros.
Portanto, toda a assembleia ou sociedade de pedreiros, devidamente organizada,
é chamada loja, devendo todo o irmão pertencer a uma e estar sujeito ao seu
regulamento e aos regulamentos gerais. Uma loja é particular ou geral e será melhor
entendida pela sua frequência e pelos regulamentos da loja geral ou Grande
Loja, adiante apensos. Nos tempos antigos, nenhum mestre nem companheiro se
podia ausentar dela, especialmente quando avisado para comparecer, sem incorrer
em severa censura, a menos que parecesse ao mestre e aos vigilantes que a pura
necessidade o impedira. As pessoas admitidas como membros de uma loja devem ser
homens bons e leais, nascidos livres e de idade madura e discreta, nem
escravos, nem mulheres, nem homens imorais ou escandalosos, mas de boa
reputação.
IV - Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros
e Aprendizes
Toda a promoção entre
pedreiros é baseada apenas no valor real e no mérito pessoal, a fim de que os
senhores possam ser bem servidos, os irmãos não expostos à vergonha e a arte
real não seja desprezada. Portanto, nenhum mestre nem vigilante é escolhido por
antiguidade, mas pelo seu mérito. Torna-se impossível descrever estas coisas
por escrito, e cada irmão deve ocupar o seu lugar e aprendê-las na maneira própria
desta Fraternidade. Fiquem apenas sabendo os candidatos que nenhum mestre deve
tomar aprendiz a menos que tenha ocupação bastante para ele e a menos que se
trate de um jovem perfeito, sem mutilação nem defeito no corpo que o torne
incapaz de aprender a arte, de servir o senhor do seu mestre, e de ser feito
irmão e depois companheiro em tempo devido, mesmo após ter servido o número de
anos consoante requeira o costume do país; e que ele provenha de pais honestos;
de maneira que, quando qualificado para tal, possa ter a honra de ser
vigilante, depois mestre da loja, grande vigilante e, por fim, grão-mestre de
todas as lojas, conforme ao seu mérito.
Nenhum irmão pode ser vigilante sem ter passado pelo grau de
companheiro; nem mestre sem ter atuado como vigilante; nem grande-vigilante sem
ter sido mestre de loja; nem grão-mestre a menos que tenha sido companheiro
antes da eleição, e que seja de nascimento nobre ou gentleman da melhor classe
ou intelectual eminente ou arquiteto competente ou outro artista saído de pais
honestos e de grande mérito singular na opinião das lojas. E para melhor, mais
fácil e mais honroso desempenho do cargo, o grão-mestre tem o poder de escolher
o seu próprio grão-mestre substituto, que deve ser ou deve ter sido mestre de
uma loja particular e que tem o privilégio de fazer tudo aquilo que o
grão-mestre, seu principal, pode fazer, a menos que o dito principal esteja
presente ou interponha a sua autoridade por carta.
Estes dirigentes e governadores, supremos e subordinados, da
antiga loja, devem ser obedecidos nos seus postos respectivos por todos os
irmãos, de acordo com os velhos preceitos e regulamentos, com toda a humildade,
reverência, amor e diligência.
V - Da Gestão do Ofício no Trabalho
Todos os pedreiros trabalharão honestamente nos dias úteis
para que possam viver honradamente nos dias santos; e observar-se-á o tempo
prescrito pela lei da terra ou confirmado pelo costume.
O mais apto dos
companheiros será escolhido ou nomeado mestre ou inspetor do trabalho do Senhor;
e será chamado mestre por aqueles que trabalham sob ele. Os obreiros devem
evitar toda a linguagem grosseira e não se tratar por nomes descorteses, mas
sim por irmão ou companheiro; e devem comportar-se com urbanidade dentro e fora
da loja.
O mestre, conhecendo-se a si mesmo capaz de destreza,
empreenderá o trabalho do Senhor tão razoavelmente quanto possível e utilizará
fielmente os materiais como se seus fossem; não dará a irmão ou aprendiz
maiores salários dos que ele, realmente, possa merecer. Tanto o mestre como os pedreiros,
recebendo os seus salários com exatidão, serão fiéis ao Senhor e terminarão o
trabalho honestamente, quer ele seja à tarefa quer ao dia; não converterão em
tarefa o trabalho que costume ser ao dia.
Ninguém terá inveja da prosperidade de um irmão, nem o suplantará, nem o porá fora do trabalho se ele for capaz de o terminar; porque nenhum homem pode terminar o trabalho de um outro com o mesmo proveito para o Senhor a menos que esteja completamente familiarizado com os desenhos e planos daquele que o começou. Quando um companheiro for escolhido como vigilante do trabalho sob o mestre, será leal tanto para com o mestre como para com os companheiros, vigiando zelosamente o trabalho na ausência do mestre, para proveito do Senhor; e os seus irmãos obedecer-lhe-ão. Todos os pedreiros empregados receberão o salário em sossego, sem murmurar nem se amotinar, e não abandonarão o mestre até o trabalho estar concluído.
Cada irmão mais jovem será instruído no trabalho, para se evitar que estrague os materiais por falta de conhecimento e para aumentar e continuar o amor fraternal. Todas as ferramentas usadas no trabalho serão aprovadas pela Grande Loja. Nenhum outro trabalhador será empregado no trabalho próprio da Maçonaria; nem os pedreiros-livres trabalharão com aqueles que não forem livres, salvo necessidade urgente; nem ensinarão trabalhadores e pedreiros não aceites como ensinariam um irmão ou um companheiro.
Ninguém terá inveja da prosperidade de um irmão, nem o suplantará, nem o porá fora do trabalho se ele for capaz de o terminar; porque nenhum homem pode terminar o trabalho de um outro com o mesmo proveito para o Senhor a menos que esteja completamente familiarizado com os desenhos e planos daquele que o começou. Quando um companheiro for escolhido como vigilante do trabalho sob o mestre, será leal tanto para com o mestre como para com os companheiros, vigiando zelosamente o trabalho na ausência do mestre, para proveito do Senhor; e os seus irmãos obedecer-lhe-ão. Todos os pedreiros empregados receberão o salário em sossego, sem murmurar nem se amotinar, e não abandonarão o mestre até o trabalho estar concluído.
Cada irmão mais jovem será instruído no trabalho, para se evitar que estrague os materiais por falta de conhecimento e para aumentar e continuar o amor fraternal. Todas as ferramentas usadas no trabalho serão aprovadas pela Grande Loja. Nenhum outro trabalhador será empregado no trabalho próprio da Maçonaria; nem os pedreiros-livres trabalharão com aqueles que não forem livres, salvo necessidade urgente; nem ensinarão trabalhadores e pedreiros não aceites como ensinariam um irmão ou um companheiro.
VI - Da Conduta
1. Na Loja enquanto
constituída: Não organizareis
comissões privadas nem conversações separadas sem permissão do mestre, nem
falareis de coisas impertinentes nem indecorosas, nem interrompereis o mestre
nem os vigilantes nem qualquer irmão que fale com o mestre; nem vos comportarei
jocosamente nem apalhaçadamente enquanto a loja estiver ocupada com assuntos
sérios e solenes; nem usareis de linguagem indecente sob qualquer pretexto que
seja; mas antes manifestareis o respeito devido aos vossos mestre, vigilantes e
companheiros e venerá-los-eis. Se surgir alguma queixa, o irmão reconhecido
culpado ficará sujeito ao juízo e à decisão da loja, a qual constitui o juiz
próprio e competente para todas as controvérsias desse tipo (salvo se seguir
apelo para a Grande Loja) e à qual elas devem ser referidas, a menos que o
trabalho do Senhor seja no entretanto prejudicado, motivo pelo qual poderá
usar-se de processo particular; mas nunca deveis recorrer à lei naquilo que
respeite à Maçonaria sem absoluta necessidade, reconhecida pela Loja.
2. Conduta depois de a Loja ter encerrado e
antes dos irmãos terem partido: Podeis divertir-vos com alegria inocente, convivendo uns com
os outros segundo as vossas possibilidades. Evita porém, todos os excessos, sem
forçar um irmão a comer ou a beber para além dos seus desejos, sem o impedir de
partir quando o chamarem os seus assuntos e sem dizer ou fazer qualquer coisa
ofensiva ou que possa tolher uma conversação afável e livre. Porque isso destruiria
a nossa harmonia e anularia os nossos louváveis propósitos. Portanto, não se
tragam para dentro da porta da loja rancores nem questões e, menos ainda,
disputas sobre religião, nações ou política do Estado. Somos apenas pedreiros,
da religião universal atrás mencionada. Somos também de todas as nações,
línguas, raças e estilos e somos resolutamente contra toda a política, como
algo que até hoje e de hoje em diante jamais conduziu ao bem-estar da loja.
Esta obrigação sempre tem sido prescrita e observada e, mais especialmente,
desde a Reforma na Grã-Bretanha, ou a dissenção e secessão destas nações da
comunhão de Roma.
3. Conduta quando
irmãos se encontram longe de estranhos, mas não em loja formada: Deverão cumprimentar-vos uns aos
outros de maneira cortês, como vos ensinarão, chamando-vos uns aos outros
irmãos, dando-vos livremente instrução mútua quando tal parecer conveniente,
sem serdes vistos nem ouvidos e sem vos ofenderdes uns aos outros nem vos
afastardes do respeito que é devido a qualquer irmão, mesmo que não fosse
pedreiro. Porque embora todos os pedreiros sejam como irmãos, ao mesmo nível, a
Maçonaria não retira ao homem a honra que ele antes tinha; pelo contrário,
acrescenta-lhe honra, principalmente se ele bem mereceu da Fraternidade, a qual
deve conceder honra a quem for devida e evitar as más maneiras.
4. Conduta na presença de estranhos não
pedreiros: Deveis
ser prudentes nas vossas palavras e atitudes, a fim de que o mais penetrante
dos estranhos não seja capaz de descobrir ou achar o que não convém sugerir;
por vezes desviareis a conversa e conduzi-la-eis com prudência, para honra da
augusta Fraternidade.
5. Conduta em casa e para com os vizinhos:
Deves proceder como convém a um homem moral e avisado; em especial, não
deixeis família, amigos e vizinhos conhecer o que respeita à loja, etc. mas
consultai prudentemente a vossa própria honra e a da antiga Fraternidade por
razões que não têm aqui de ser mencionadas. Deveis também ter em conta a vossa
saúde, não vos conservando fora de casa, depois de terem passado as horas de
loja; evitai os excessos de comida e de bebida, para que as vossas famílias não
sejam negligenciadas nem prejudicadas e vós próprios incapazes de trabalhar.
6. conduta para com um irmão estranho: Deveis examiná-lo com cuidado, da
maneira que a prudência vos dirigir de forma que não vos deixeis enganar por um
ignorante e falso pretendente, a quem rejeitarei com desprezo e escárnio,
evitando dar-lhe quaisquer sinais de reconhecimento. Contudo, se descobrirdes nele um irmão
verdadeiro e genuíno, então deveis respeitá-lo; e, se ele tiver qualquer
necessidade, deveis ajudá-lo se puderdes ou então dirigi-lo para quem o possa
ajudar. Deveis empregá-lo durante alguns dias, ou recomendá-lo para que seja
empregado. Mas não sois obrigado a ir além das vossas possibilidades, somente a
preferir um irmão pobre, que seja homem bom e sincero, a quaisquer outros
pobres em idênticas circunstâncias.
Finalmente, todas estas obrigações são para observardes, e assim também as que vos serão comunicadas por outra via; cultivando o amor fraternal, fundamento e remate, cimento e glória desta antiga Fraternidade, evitando toda a disputa e querela, toda a calúnia e maledicência, não permitindo a outros caluniar um irmão honesto, mas defendendo o seu carácter e prestando-lhe todos os bons ofícios compatíveis com a vossa honra e segurança e não mais. E se algum deles vos fizer mal, dirigi-vos à vossa própria loja ou à dele; e daí, podeis apelar para a Grande Loja, aquando da Comunicação Trimestral, e daí para a Grande Loja anual, como tem sido a antiga e louvável conduta dos nossos antepassados em todas as nações; nunca recorrendo à justiça a não ser quando o caso não se possa decidir de outra maneira, e escutando pacientemente o conselho honesto e amigo de mestre e companheiros quando vos queiram impedir de recorrerdes à justiça com estranhos ou vos incitar a pordes rapidamente termo a todo o processo, a fim de que vos possais ocupar dos assuntos da Maçonaria com mais alacridade e sucesso; mas com respeito aos irmãos ou companheiros em juízo, o mestre e os irmãos devem com caridade oferecer a sua mediação, a qual deve ser aceite com agradecimento pelos irmãos contendores; e se essa submissão for impraticável, devem então continuar o seu processo ou pleito sem ira nem rancor (não na maneira usual), nada dizendo ou fazendo que possa prejudicar o amor fraternal, e renovando e continuando os bons ofícios; para que todos possam ver a influência benigna da Maçonaria e como todos os verdadeiros pedreiros têm feito desde os começos do mundo e assim farão até ao final dos tempos.
Finalmente, todas estas obrigações são para observardes, e assim também as que vos serão comunicadas por outra via; cultivando o amor fraternal, fundamento e remate, cimento e glória desta antiga Fraternidade, evitando toda a disputa e querela, toda a calúnia e maledicência, não permitindo a outros caluniar um irmão honesto, mas defendendo o seu carácter e prestando-lhe todos os bons ofícios compatíveis com a vossa honra e segurança e não mais. E se algum deles vos fizer mal, dirigi-vos à vossa própria loja ou à dele; e daí, podeis apelar para a Grande Loja, aquando da Comunicação Trimestral, e daí para a Grande Loja anual, como tem sido a antiga e louvável conduta dos nossos antepassados em todas as nações; nunca recorrendo à justiça a não ser quando o caso não se possa decidir de outra maneira, e escutando pacientemente o conselho honesto e amigo de mestre e companheiros quando vos queiram impedir de recorrerdes à justiça com estranhos ou vos incitar a pordes rapidamente termo a todo o processo, a fim de que vos possais ocupar dos assuntos da Maçonaria com mais alacridade e sucesso; mas com respeito aos irmãos ou companheiros em juízo, o mestre e os irmãos devem com caridade oferecer a sua mediação, a qual deve ser aceite com agradecimento pelos irmãos contendores; e se essa submissão for impraticável, devem então continuar o seu processo ou pleito sem ira nem rancor (não na maneira usual), nada dizendo ou fazendo que possa prejudicar o amor fraternal, e renovando e continuando os bons ofícios; para que todos possam ver a influência benigna da Maçonaria e como todos os verdadeiros pedreiros têm feito desde os começos do mundo e assim farão até ao final dos tempos.
Amém, assim seja.
Fonte: Anderson's Constitutions, Constitutions d'Anderson
1723, texte anglais de l'édition de 1723, introduction, traduction et notes par
Daniel Ligou, Paris, Lauzeray International, 1978, tradução directa do inglês
para português, in A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo - 2ª Edição, de A. H.
de Oliveira Marques, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1983 (pp. 76-82).
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