A.’.R.’.L.’.S.’.
“Solidariedade” nº 286
Or.’. de São
Bernardo do Campo - SP
lido em reunião conjunta de 28/03/2016
da E.’.V.’.
Com grande alegria que apresento essa Prancha num momento
tão especial, quando podemos congregar entre os VVal.’. IIr.’. das AAug.’. e RResp.’. LLoj.’. SSimb.’. “ Stella Matutina” nº
658, “Chequer Nassif” nº 169, Fraternidade de Ribeirão Pires nº 123 e
Solidariedade nº 286.
Não
por acaso essa Assembleia acontece um dia após uma data tão especial que é a
Páscoa, inicialmente uma comemoração judaica pela conquista da liberdade do
povo Hebreu que vivia como escravo no Egito, e depois ampliada pelos cristãos
com um novo sentido após a Ressureição de Cristo.
Esses
elementos fundamentados em duas grandes religiões, podem trazer grandes
ensinamentos independentemente do credo de quem os recebem.
Essa é
uma das benesses atribuídas à Tolerância, que é um dos pilares da nossa Sublime
Ordem, e que nos possibilitam dentro de nossas Lojas crescermos em harmonia e
respeito às diversidades.
Por
conta das comemorações da Páscoa Cristã, podemos citar alguns exemplos de
Tolerância que o Grande Mestre Jesus Cristo nos ensina baseado em suas
pregações e principalmente em suas ações que foram sempre pautadas na doçura,
na paciência e na indulgência.
É o
pai de família que acolhe o filho pródigo, é o operário que vem de última hora
e é pago como os demais, é o samaritano caridoso, o próprio Jesus que justifica
seus discípulos por não jejuarem, perdoa a mulher pecadora e não se enfurece
sequer contra Judas, que deve traí-lo.
Como
podemos ver, Tolerância, uma palavra fácil de se pronunciar, cabe em cada uma
dessas atitudes, que não são nada fáceis de tomar, principalmente quando nos
sentimos feridos no íntimo dos nossos supostos direitos, e que temos como
reação imediata e quase irracional, a justiça em nossa medida e conceito.
Infelizmente
temos exemplos de intolerância religiosa muito recentes, como os atentados
terroristas ocorridos na última semana em Bruxelas, no Iraque e no Paquistão,
onde dezenas perderam suas preciosas vidas e centenas estão feridas, e que tem
se repetido com uma frequência assustadora.
Acredito
que esses fatos não abrirão discussões dentro da nossa Ordem por um simples
motivo, elas nunca cessaram.
Na Maç.’., a
Tolerância é um tema constante e não de momentos alternados, porque no curso da
sua brilhante história sempre sofreu e há de sofrer perseguições como reflexos
da ignorância, do fanatismo que geram a intolerância.
Não
vejo a intolerância como uma instituição, uma religião, uma confraria ou
qualquer imagem de algo coletivo. Vejo-a como fruto de uma mente pouco
evoluída, limitada e escrava, que se torna solo fértil para germinar sementes
de preconceito, de desrespeito, de incompreensão, de desigualdade e de não
fraternidade.
Essas
mentes quando arregimentadas em nome de vãs filosofias, quase sempre convergem
para o benefício de poucos, para manobras e objetivos mesquinhos, sob o álibi
de dogmas inexplicáveis.
O
combustível para intolerância, muitas vezes é, ironicamente, a própria intolerância,
gerando um círculo vicioso do mal que atua no campo religioso, étnico,
político, filosófico e outros.
No
Tratado sobre a Tolerância, de Voltaire, uma primorosa obra, podemos observar
que em suas considerações do capítulo IV, nomeado “Se a Tolerância é perigosa,
em que povos ela é permitida”, a seguinte narrativa:
“O
governo da China jamais adotou, desde mais de quatro mil anos que é conhecido,
senão o culto dos noáchidas, a adoração simples de um único Deus: no entanto,
tolera as superstições de Fô...
É
verdade que o grande imperador Yung-Ching, talvez o mais sábio e magnânimo que
ouve na China, expulsou os jesuítas, mas não porque fosse intolerante, e sim
porque os jesuítas, ao contrário, o eram.”
Apenas
para uma reflexão final:
Ora,
sendo os jesuítas cristãos, e tendo todos os seus preceitos baseados nos ensinamentos
do Mestre Jesus, quais seriam os reais motivos de serem reconhecidos, como
foram na China medieval como intolerantes?
Estamos
nós cheios das “certezas absolutas”?
Estamos
nós dispostos a impor nossas “verdades imutáveis”?
Estamos
preparando nossas mentes para receber o bem, o novo, o diferente, ou estamos
presos ao reacionário que limita o espirito?
Que o
G.’.A.’.D.’.U.’., que nos concedeu a graça de aqui estarmos entre IIr.’., derrame
suas benção sobre nossas LLoj.’. e nossos Lares.
Bibliografia:
Voltaire -Tratado sobre a Tolerância.
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