Chico Felitti
Colunista da FOLHA
14/03/2016 – 02h00
“A Vila Olímpia como você nunca viu! Apê top, com muita
sofisticação. Um anúncio verídico e banal de rede social. “Acesse o link abaixo
e faça parte dos Mistérios e Privilégios da Franco-Maçonaria.”
A publicidade no Facebook rompe com três séculos de
tradição: A Maçonaria, organização exclusivamente masculina, passou a recrutar
seus membros nas redes sociais.
O anúncio, pago por um braço paulistano do grupo, foi
direcionado a homens de todas as idades que morassem em São Paulo.
A reportagem da FOLHA, preencheu o formulário de perguntas,
entre elas: “Qual é a sua renda mensal?” e “Sua mulher se opõe à sua entrada na
Maçonaria?”, e, dois dias depois, foi à entrevista para virar maçom.
Uma mulher loira, cuja blusa deixava entrever a tatuagem
”carpe diem” que tem no colo, recebe os candidatos num casarão de cor
azul-bebê, perto da rua São Caetano, no centro.
A fila de espera tem um estudante de enfermagem, um
segurança de casa noturna, um autônomo e um repórter.
“Eles arranjam emprego um para o outro”, comenta o segurança
com o autônomo, antes de ser entrevistado.
Os candidatos entram num cômodo azulejado, sem móvel, a
exceção são duas cadeiras de escritório. O Mestre (terceira posição na
hierarquia), que vai conduzir a entrevista, está em uma delas.
Uma nova loja (grupo fixo que se reúne de forma periódica)
será aberta naquele templo. Há no Brasil, cerca de 40.000 homens distribuídos
por 3.000 lojas.
A fundação de um grupo requer um quórum de sete novos
membros. Associados mais antigos ficam responsáveis por apadrinhar os novatos,
diz o homem, de camisa Dudalina, anéis em três dedos, com que segura um iPhone
de última geração.
“Aqui não tem nada de mistério, não é religião, ninguém mata
ninguém”, diz. Os encontros são como uma Rede vitalícia de relacionamentos. Que
tipo de relacionamentos? “Vou deixar sua mente florear o quanto quiser”.
Após a entrevista, a ficha do candidato vai para o
escrutínio de outros maçons. Membros antigos têm poder de veto. “Mas isso não
acontece nunca”. Depois do aval, é feita a cerimônia de aceitação.
O custo dos paramentos para o dia da estreia fica por volta
de R$ 1.400,00, e é somado aos R$ 140,00de mensalidade e às contas dos jantares
mensais do grupo.
A entrevista é sobre as motivações que levaram o candidato à
Maçonaria, e em que ele poderia ajudar.
No fim de 30 minutos de conversa, a despedida vem com um
elogio (“Seu perfil interessa muito”) e uma advertência (“Nós estamos em todos
os lugares e todos os níveis hierárquicos, por isso é fácil saber mais sobre
você”).
Fazem parte da organização, o vice-presidente da República,
Michel Temer (PMDB), 58 deputados federais, além de 6 senadores, segundo
levantamento feito pela FOLHA em 2013.
Segundo um dos secretários da Confederação Maçônica do
Brasil, que não quis ser identificado, o modelo de entrada por indicação ainda
é o mais aconselhado. Ele disse nunca ter ouvido falar em anúncios na internet.
Informada de que seu processo seletivo inovador seria tema
de uma reportagem, a loja do centro respondeu: “O silêncio e a discrição sempre
norteiam nossos trabalhos, portanto não vamos nos manifestar oficialmente sobre
o assunto, que de fato é controverso. Saudações Fraternais.
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Antônio Carlos Kurihara
Or.’. Ribeirão Preto
Comentário postado na página do Ir.’. Ronaldo Fernandes - Facebook
O presidente da CMSB (Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil), entidade que congrega as 27
Grandes Lojas de todos os estados brasileiros, Ir.'. Ronaldo Fernandes, divulgou mensagem em repúdio à
matéria publicada no jornal Folha de São Paulo na última segunda, 14/03,
matéria esta que informa, de forma leviana, rasa e tendenciosa, que a Maçonaria
estaria recrutando seus membros em redes sociais!
Diz a matéria, de cunho
sensacionalista, que se estaria rompendo com três séculos de tradição e que a
Maçonaria teria como preocupação ou objetivo principal, a renda do pretendente.
Esclarece apenas , que se
trata de um “braço paulistano” da Maçonaria sem citar a qual braço se refere,
ou principalmente, sem buscar informações mais fidedignas, com as reais
entidades ou Potências que representam a Maçonaria no Brasil.
Para quem não conhece nossa
Ordem a FOLHA induziu pensar que se trata de um grupo de aproveitadores da boa
fé alheia, interessado apenas em arregimentar membros, mesmo desqualificados,
desde que tenham como contribuir com sua loja.
É lamentável que um jornal de
grande circulação nacional, se preste a esse triste papel, de denegrir a imagem
de uma instituição centenária, que sempre pautou sua atuação nos estudos,
aprimoramento de valores éticos e morais de seus membros, e na busca da
felicidade humana, sem que não tenha tido o mínimo cuidado de aprofundar sua
matéria e de buscar outras fontes de informação.
Que a Verdade prevaleça sempre
!!!
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Segue texto de resposta à reportagem da Folha de São Paulo - 14/03/2016:
Sobre
a reportagem Maçonaria virtual (Cotidiano, 14/3), as 27 Grandes Lojas do
Brasil, congregadas na Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB),
esclarecem que instituições maçônicas regulares não arregimentam membros por
redes sociais, não exploram a boa-fé de quem quer que seja e não fazem
propaganda. Os métodos para aceitar novos membros são apenas por indicação de
maçons ativos e regulares e possuem longínqua tradição. Entidades
auto intituladas maçônicas usurpam a imagem da Maçonaria regular, que repudia
esses atos. A Maçonaria é alicerçada em princípios éticos e morais,
contribuindo para que seus membros sejam verdadeiros construtores sociais.
RONALDO FERNANDES
Presidente da CMSB (Brasil)
Presidente da CMSB (Brasil)
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