Estadão - Portal do Estado de S. Paulo ESPAÇO ABERTO
Maçons
buscam nomes comprometidos com a ética e a cidadania para apoiarem nas eleições.
Enviado pelo Ir.'. Valter Mendes, por Whatts App, para o
Grupo Só IIr.'. 100
por Benedito Marques Ballouk Filho *
23 Julho 2016
Pela conjunção de uma série de fatores, o Brasil passa pelo
que alguns chamam de “era dos escândalos”. Seja na TV ou no rádio, nos jornais
ou no computador, na fila do banco ou nas conversas do trabalho, somos
bombardeados diariamente por incontáveis manchetes e notícias sobre corrupção,
envolvendo empresas, partidos e a classe política em geral.
Há quem atribua esse fato a uma escalada dos esquemas que
desviam recursos públicos, enquanto outros entendem que estamos assistindo a um
aumento sistemático da força empreendida em investigar e tornar públicos esses
crimes. De uma maneira ou de outra, a verdade é que vivemos um momento político
ímpar.
Nunca antes se falou tanto em corrupção, assim como nunca
antes uma bandeira contra ela foi levantada por parcela tão expressiva da
população. Extirpar esse câncer que corrói o tecido social de nossa Pátria
passou a ser questão de honra para muitos, em razão do aclaramento da
consciência cívica dos brasileiros.
Diante desse cenário, nossa responsabilidade cívica vai além
do voto, princípio básico de uma democracia. Hoje, falar, pensar e fazer
política deixou de ser uma atividade exercida a cada quatro ou dois anos, mas
algo permanente, enraizado em nossas relações e permeando o nosso dia a dia.
Com a sociedade civil organizada não seria diferente.
A luta contra a corrupção e o resgate da dignidade no
exercício do poder já mobiliza instituições civis por todo o Brasil, de
organizações de classe a grupos, institutos e ONGs. É uma batalha diária pela
mobilização em prol da retomada do protagonismo político, norteada pela visão
da política como ferramenta única de transformação social; que não pode ser
vista como algo simples, sem interesse ou importância. Como dizia Platão, “a
desgraça dos que não gostam da política é que são governados pelos que gostam”.
Alguns não só gostam, como a utilizam em proveito próprio – e são esses que
devem ser banidos da vida pública.
É assim, fazendo parte desse coro que clama por medidas
emergenciais de mudança, que a Maçonaria do Estado de São Paulo busca seu
protagonismo e o resgate do seu passado histórico de lutas e conquistas para a
construção da nossa Pátria. A Ordem Maçônica esteve presente em momentos
fundamentais da nossa História, como a Independência do Brasil, a Proclamação
da República, a abolição da escravatura, a redemocratização do País e outros
eventos marcantes, sempre altiva e coadjuvante no progresso e na evolução de
nossa gente e de nossa Pátria.
Hoje lutamos pela mudança desse cenário caótico, tornando
público o ímpeto da Maçonaria de estar inserida, juntamente com outras
organizações da sociedade civil, no mesmo coro por uma renovação nacional. Com
esse foco os maçons paulistas instituíram e têm ampliado sistematicamente o
Grupo Estadual de Ação Política (Geap-SP). Essa iniciativa reúne associados das
três Obediências Maçônicas do Estado, do Grande Oriente de São Paulo (Gosp), da
Grande Loja do Estado de São Paulo (Glesp) e do Grande Oriente Paulista (GOP),
e tem um objetivo único e simples: lutar para a construção de uma classe
política brasileira composta por pessoas dotadas de valores éticos e
comprometidas com a Pátria e o bem comum. Entendemos que o Brasil é um país
promissor, que necessita investir na educação de base para o surgimento de uma
nova geração comprometida com esses nobres princípios.
Essa proposta não é utópica nem ingênua, mas um exemplo de
mobilização da sociedade civil que já funciona e se expande. O GEAP coordena
grupos locais e incentiva as lojas maçônicas a estar cada vez mais próximas do
processo político nesse ideário, principalmente neste ano de eleições
municipais. Combater a ignorância do voto nulo e o desprezo ao próprio voto, a
única ferramenta capaz de realizar as mudanças tão necessárias para um País
livre do jugo da corrupção e voltado para o progresso, como uma das maiores
nações do mundo.
Assim, os maçons passaram a receber os candidatos eletivos,
deles buscando compromissos que visam a resgatar a ética e a cidadania. Mais do
que isso, esse grupo político atua identificando potenciais lideranças
maçônicas ou de outras esferas sociais que possam representar esses ideais da
transformação da sociedade. Todos esses candidatos podem, então, solicitar o
apoio da Maçonaria, sendo possível orientá-los sobre o processo de filiação aos
partidos políticos antes mesmo de as coligações serem feitas, participando
assim da formação estratégica dessas lideranças, sejam tais candidatos maçons
ou não. O essencial é que eles sejam comprometidos com a ética, com a probidade
administrativa e com a moralidade pública.
O mais importante, porém, é a contrapartida exigida. Fazendo
parte ou não da Maçonaria, todos os candidatos que buscam esse apoio assinam um
termo de compromisso, garantindo não apenas sua conduta e suas intenções, mas
se predispondo a realizar visitas periódicas depois de eleitos para a prestação
de contas de suas ações enquanto representantes da população.
Esse é um exemplo de atuação da sociedade civil organizada,
que não apenas ajuda a identificar e apoiar nomes que possam substituir os
corruptos instalados no poder público, mas também fiscaliza suas ações após o
processo eleitoral. Um trabalho que deve ser realizado de forma constante e
coletiva, já que nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos.
Nosso papel é fazer uma interface do discurso maçônico com a
prática cidadã, atuando na evolução da sociedade por meio do exercício direto
da política. É uma forma de revolução pacífica, cívica e democrática,
permitindo, assim, a construção de um País melhor para todos e para as gerações
futuras.
*Benedito
Marques Ballouk Filho,
é advogado e Grão-Mestre
Estadual do Grande Oriente
de São Paulo, que
representa mais de 24 mil maçons,
presentes em centenas de Municípios
Paulistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário