quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Compasso do Mundo: Sobre a Maçonaria



 
 O compasso, o esquadro e o olho: símbolos da sociedade secreta/ Crédito: Pixabay 
 
Publicado em “Aventuras na História “- site da UOL
Por Tiago Cordeiro em 22/02/2017

O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, era maçom. Depois dele, outros 16 líderes da nação mais poderosa do mundo também foram: a lista inclui John Edgar Hoover, diretor do FBI por 45 anos, e Harry Truman, o homem que autorizou o ataque com bombas atômicas sobre o Japão. Também fizeram parte da sociedade secreta dois políticos decisivos para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Eram maçons alguns dos mais importantes líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette. O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca.

Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por essa sociedade secreta, que por três séculos vem reunindo a elite política e militar (e cultural) do Ocidente em rituais cheios de códigos misteriosos.

Mas o que é maçonaria? Existem várias versões para a criação da organização. A mais confiável remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos sindicatos. Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Que era um trabalho de alto status então, pois eram responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais. Pedreiros tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Apelidados de free masons (pedreiros livres), se reuniam nos canteiros de obras e trocavam segredos da profissão. Um dos documentos mais antigos sobre essas guildas é a carta de regulamentos de Londres, 1356. Na época, era só um conjunto de regras para pedreiros. 

Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o Renascimento, os pedreiros livres ficaram na moda. Seus encontros passaram a acontecer em salões, chamados de lojas, que geralmente ficavam sobre bares e tavernas das grandes cidades, onde a conversa continuava depois. Intelectuais e membros da nobreza engrossaram a turma. Por influência deles, os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatro maiores lojas de Londres (então o maior centro maçom europeu), na taverna The Goose and Gridiron nasceu uma federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da maçonaria.


A Marselhesa

Em apenas três décadas, a organização já tinha se espalhado por toda a Europa ocidental e havia alcançado a Índia, a China e a América do Norte. Passou a ser conhecida, respeitada, mas, principalmente, temida. Não era para menos. Ficava difícil confiar em um grupo de homens ricos e poderosos, de diferentes áreas, que se reuniam a portas fechadas, usavam símbolos esquisitos (veja explicações ao longo da reportagem) e faziam juramentos de fidelidade à tal organização e ainda voto de silêncio. Também não ajudou muito o tanto de lendas que surgiu sobre a origem da maçonaria (em 1805, o historiador francês Charles Bernardin pesquisou 39 diferentes). Tinha para todos os gostos: alguns integrantes da ordem diziam que Noé era maçom, outros transformaram o rei Salomão ou os antigos egípcios em fundadores. Nem os templários escaparam (leia ao final). A Igreja Católica se incomodou tanto que, em 1738, divulgou uma bula papal atacando a ordem, que décadas depois foi perseguida pela Inquisição.

O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca.

Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por essa sociedade secreta, que por três séculos vem reunindo a elite política e militar (e cultural) do Ocidente em rituais cheios de códigos misteriosos.

Mas o que é maçonaria? Existem várias versões para a criação da organização. A mais confiável remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos sindicatos. Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Que era um trabalho de alto status então, pois eram responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais. Pedreiros tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Apelidados de free masons (pedreiros livres), se reuniam nos canteiros de obras e trocavam segredos da profissão. Um dos documentos mais antigos sobre essas guildas é a carta de regulamentos de Londres, 1356. Na época, era só um conjunto de regras para pedreiros. 

Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o Renascimento, os pedreiros livres ficaram na moda. Seus encontros passaram a acontecer em salões, chamados de lojas, que geralmente ficavam sobre bares e tavernas das grandes cidades, onde a conversa continuava depois. Intelectuais e membros da nobreza engrossaram a turma. Por influência deles, os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatro maiores lojas de Londres (então o maior centro maçom europeu), na taverna The Goose and Gridiron nasceu uma federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da maçonaria.




Mistérios revelados

Os principais símbolos da maçonaria



Compasso
Um dos instrumentos dos pedreiros. Representa a racionalidade científica. Por desenhar círculos perfeitos, também simboliza a busca pela perfeição moral.


Esquadro
Outro instrumento da construção civil que lembra a capacidade transformadora do homem sobre a natureza. Seu ângulo reto é uma indicação para os homens de que eles devem ser honestos

Letra G
Vem de God, (Deus, em inglês). Os integrantes da fraternidade também o chamam de GAU, sigla para Grande Arquiteto do Universo”.

 Olho
Geralmente representado dentro de um triângulo, tem o mesmo significado da letra G. É Deus, que tudo vê.

Triângulo
Refere-se ao lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, às virtudes: fé, esperança e caridade, e nascimento, vida e morte. Por isso, os maçons também fazem três pontos em suas assinaturas.

 Martelo
Pequeno, simboliza o trabalho dos pedreiros que inspiraram a fraternidade, e também a força material que muda o mundo. É usado pelo grão-mestre durante as cerimônias.

Sol/Lua
Como o chão de mosaico preto e branco (veja no rodapé da reportagem), usado nas lojas, simboliza a dualidade entre bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas


Além do sigilo, o que perturbava era a atitude sempre à frente de seu tempo. Setenta anos antes da Revolução Francesa, esses homens cultos e influentes já defendiam a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Tratavam-se sem distinção e aceitavam todos os credos religiosos, uma atitude tremendamente avançada para a época. Os ateus, porém, eram barrados. Não formamos uma religião, mas somos um grupo de pessoas religiosas. Nosso lema é fazer os homens bons ficarem melhores, diz o maçom paulistano Cassiano Rampazzo, advogado de 35 anos. Com ele concorda a historiadora mineira Françoise Jean de Oliveira, co-autora do livro “O Poder da Maçonaria”.
A maçonaria não é religião, não tem dogmas. É um grupo que defende a liberdade de consciência e o progresso. Isso não quer dizer que cada participante possa agir como bem entende”. Ao entrar na ordem, o membro é instruído sobre a moral universal, um conjunto de virtudes obrigatórias, como bondade, lealdade, honra, honestidade, amizade, tranquilidade e obediência, diz Françoise.
A falta de preconceito se restringia a diferenças políticas e religiosas. A fraternidade vetava analfabetos, deficientes e homens que não se sustentavam. As mulheres até hoje não são bem-vindas (com exceção da França). Além disso, no passado como no presente, só entra na ordem quem for convidado e passar por uma avaliação rigorosa: nada de gente indiscreta, protagonistas de escândalos, bêbados, brigões e adúlteros notórios. “Ainda assim, para os aprovados, a maçonaria foi a primeira entidade a funcionar de acordo com os preceitos da democracia moderna. Eles estimulavam debates abertos, em que todos podiam participar, além das eleições livres e diretas. Nada disso estava na moda no século 18. E, muito por influência dos próprios maçons, tornou-se corriqueiro no século 21, afirma o historiador alemão Jan Snoek, professor da Universidade de Heidelberg e especialista no assunto.

Assim, nada mais natural que os líderes da Revolução Francesa de 1789 aderissem à maçonaria. Nos anos que antecederam a queda do Antigo Regime, os adeptos se multiplicaram. A influência foi tanta que uma canção composta e cantada na loja de Marselha foi batizada de “A Marselhesa” e transformada no hino do país. Nem todos os ideólogos da revolução foram maçons. Marat e La Fayette eram, Robespierre e Danton, não. Mas, entre os inimigos da monarquia, mesmo quem não participava da ordem tinha sido influenciado por suas idéias, afirma o historiador americano W. Kirk MacNulty, maçom há mais de 40 anos.

Nas verdinhas
Além de divulgar ideias que atraíam a elite progressista de seu tempo, a maçonaria era também um espaço propício à conspiração política. Ao ingressar na ordem, os integrantes prometiam (e até hoje prometem) não divulgar seus segredos e nem mesmo revelar a nenhum profano (como são chamados os não-iniciados) o que é dito nas reuniões. As lojas maçônicas eram o lugar ideal para membros da elite de diferentes pensamentos políticos se encontrarem, diz o pesquisador Jesus Hortal, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Além disso, quanto mais a maçonaria era acusada de ser um local de conspiração política, mais ela era procurada por conspiradores. A proteção das lojas ajudou a garantir o sucesso de um dos movimentos históricos mais influenciados pela organização: a independência americana, episódio que muitos historiadores chamam de revolução maçônica”.



Grandes maçons

Algumas figuras centrais que se juntaram à ordem





O general e presidente George Washington em vestimentas maçons / Wikimedia Commons

George Washington (1732-1799)
Juntou-se bem jovem, enquanto ainda era soldado do Exército britânico, em 1752. Ocupado com sua luta, nunca foi muito ativo. Recusou o cargo de Grande Mestre na Virgínia em 1777, para se dedicar à luta contra a dominação britânica. Deram o cargo mesmo assim, sem seu consentimento, em 1788. Washington gostava do programa iluminista dos maçons, e também do fato de, nos EUA, serem menos anticlericais que na Europa. 

Voltaire (1694-1778)
O filósofo iluminista atacava a monarquia francesa e defendia princípios maçons. Acabou sendo iniciado em uma loja de Paris em abril de 1778, só dois meses antes de morrer. Voltaire, que tinha 83 anos, entrou no local apoiado no braço do americano Benjamin Franklin.

Goethe (1749-1832)
O escritor e poeta alemão foi aceito em uma loja de Weimar em 1780. Escreveu vários poemas em homenagem à maçonaria. Os mais famosos são “A Loja Maçônica” e “Symbolum” (composto quando seu único filho, Auguste, foi iniciado).

Mozart (1756-1791)
O compositor austríaco entrou para a ordem em Viena, aos 28 anos. Compôs várias peças para serem executadas durante cerimônias maçônicas. Sua última ópera, A Flauta Mágica, tem tantas referências à ordem que Mozart foi acusado de revelar segredos maçons.

Gustave Eiffel (1832-1923)
Além de projetar a Torre Eiffel, em Paris, o engenheiro francês desenhou a Estátua da Liberdade, enviada como presente de comemoração dos 100 anos da independência americana . O projeto foi executado em parceria com o escultor Frederick Bartholdi (1834-1904), que também era maçom.

Charles Lindberg (1902-1974
O aviador foi aceito por uma loja de Saint Louis em 1926. No ano seguinte, tornou-se o primeiro homem a fazer um vôo solitário transatlântico sem escalas. Durante a viagem, ele teria levado consigo um distintivo com os símbolos da régua e do compasso.
 
Buzz Aldrin (1930)
O segundo homem a pisar na Lua em 1969, após Neil Armstrong, pertence a uma loja maçônica no Texas. Queria ter levado um anel maçom de seu avô para a Lua, mas o perdeu antes da viagem. Mas ninguém sabe se ele teria mesmo levado uma bandeira com símbolos da ordem para lá.



Benjamin Franklin, um dos grandes responsáveis pela criação dos Estados Unidos da América, era grão-mestre (o líder máximo na hierarquia) na Filadélfia e responsável pela publicação no país do livro Constituições, escrito pelo britânico James Anderson em 1723 e considerado a declaração de princípios da entidade. O líder dos rebeldes, George Washington, e o principal autor da Declaração de Independência, Thomas Jefferson, também eram membros ativos, assim como um terço dos 39 homens que aprovaram a primeira Constituição do país. Os três usaram seus contatos com as maçonarias de outras nações, em especial da Inglaterra, para garantir o sucesso da rebelião.

Há quem diga que a nota de 1 dólar, com seu olho solitário, é inteiramente marcada por símbolos maçons, o olho, por exemplo, simbolizaria Deus (leia sobre os símbolos no decorrer da reportagem), coisa que os autores da cédula nunca confirmaram. Reza a lenda que George Washington teria vestido um avental da ordem durante a inauguração da capital, em 16 de julho de 1790, batizada em sua homenagem. Ele ainda teria orientado os engenheiros a encher a cidade de símbolos secretos da entidade. Por exemplo: algumas pessoas identificam o desenho de um compasso unindo a cúpula do Capitólio, a Casa Branca e o Memorial Thomas Jefferson.

Pelo mundo

No século 19, a maçonaria deu outras provas de sua capacidade de mudar a história. Por volta de 1810, um grupo de defensores da unificação italiana se reuniu com o nome de Carbonária. Inspirado nas estratégias e na hierarquia maçons, a sociedade secreta, que continuou atuante até 1848, tentava estimular uma rebelião espontânea dos trabalhadores, que implantariam os ideais liberais. Dois dos maiores heróis da construção da Itália unificada participaram desse grupo e depois foram aceitos pela maçonaria. Um deles, Giuseppe Mazzini (1805-1872), acabou rompendo com os maçons por acreditar que a ordem mais debatia que agia. Outro, Giuseppe Garibaldi (1807-1882), seria mais tarde condecorado o primeiro maçom do novo país.

Depois de participar de um levante malsucedido em Gênova, Garibaldi fugiu para o Rio de Janeiro em 1835. Encontrou um grupo de carbonários exilados que mantinha contatos com a maçonaria brasileira. Através deles conheceu o maçom Bento Gonçalves, o líder da Revolução Farroupilha. Em 1840, Garibaldi instalou-se no Uruguai, onde se tornou oficialmente participante da sociedade secreta. Quando morreu, em seu país, deu nome a lojas no Uruguai, Brasil, França, Estados Unidos, Inglaterra e Itália. Nas décadas seguintes, os democratas italianos de esquerda, cujos integrantes cerrariam fileiras na maçonaria, se destacaram pela defesa do sufrágio universal, da educação gratuita de qualidade e da independência do Estado com relação à Igreja.

É fácil entender como Garibaldi se tornou maçom na América do Sul. Desde o começo do século 19, a ordem cresceu a ponto de ser fundamental para a independência dos países da região. Nos países de língua espanhola, um dos precursores do pensamento pela soberania foi o venezuelano Francisco de Miranda (1750-1816), que, depois de participar da Revolução Francesa, foi iniciado na maçonaria por George Washington. Miranda fundou uma loja em Londres, batizada de Gran Reunión Americana. Ali, atuou na formação de três libertadores da América: o chileno Bernardo O’Higgins (1778-1842), o venezuelano Simon Bolívar (1783-1830) e o argentino José de San Martín (1778-1850). Eles frequentavam a mesma loja, Latauro, com sede em Cádiz, Espanha, e filiais latino-americanas. Seus membros se denominavam cavaleiros da razão e previam a independência, o fim da escravidão e a proclamação de repúblicas. Estima-se que a iniciação de Bolívar tenha ocorrido na Europa, entre 1803 e 1806. San Martín, adepto desde 1808, fundou lojas no Chile, no Peru e na Argentina (que já abrigava casas maçônicas desde 1775). Higgins frequentava a de Mendoza.

Em terras brasileiras
A fraternidade existia em nosso país desde o início do século 19 e contava com confrades de altos cargos da colônia. Entre os maçons decisivos para a separação de Portugal estava José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838). A idéia de conceder o título de “Defensor Perpétuo e Imperador do Brasil ao príncipe herdeiro da coroa portuguesa surgiu na própria Latauro, mesmo lugar que organizou as primeiras festas de rua pela independência, no Rio, em 12 de outubro de 1822. O envio de emissários às grandes províncias brasileiras para articulação da Independência foi organizado pelo Grande Oriente do Brasil, a federação maçônica nacional fundada em 17 de junho do mesmo ano, de onde José Bonifácio foi grão-mestre. Em 2 de agosto de 1822, o próprio dom Pedro I entrou para a entidade, sob o codinome Pedro Guatimozim, uma homenagem ao último rei asteca. Apenas três dias depois de iniciado, ele já tinha sido alçado a mestre. Mais dois meses e já era o grão-mestre do país. Passados apenas 17 dias da promoção, Pedro, já imperador, abandonou a fraternidade e proibiu suas atividades no Brasil. A melhor explicação dos especialistas para a atitude é a insatisfação do monarca com uma entidade onde a hierarquia era submetida a regras e podia ser questionada.

Em 1831, de volta legalmente à ativa, após a renúncia de dom Pedro e seu retorno a Portugal, a maçonaria brasileira se multiplicou. Em 1861, a ordem se mobilizou em apoio ao movimento abolicionista. No Ceará, lojas se reuniram para comprar e libertar escravos. Eusébio de Queiroz (1812-1868), que batizou a lei que proibia o tráfico de escravos, era maçom. O visconde do Rio Branco (1819-1880), abolicionista e chefe de Gabinete Ministerial entre 1871 e 1875, foi grão-mestre. Quando a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel (1846-1921), em 1888, o presidente do Conselho de Ministros era o grão-mestre João Alfredo Correa de Oliveira (1835-1919). Das lojas também veio o apoio à mudança no regime de governo. Em 1889, a República foi proclamada pelo confrade marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), que formou um ministério só com maçons. Dos 12 chefes de Estado até 1930, oito eram maçons; dos 17 governadores de São Paulo durante a República Velha, 13 pertenciam à ordem.

Caça aos bruxos


A partir de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas (1882-1954) ao poder, a maçonaria brasileira passou a ser estigmatizada. Os delírios do integralista Gustavo Barroso (1888-1959), de que a entidade unira-se ao judaísmo para controlar a humanidade, faziam sucesso. O mesmo surto ocorreu em outros países. Na União Soviética, Leon Trótski (1879-1940) denunciou um suposto complô maçom-judaico para dominar o planeta. Adolf Hitler (1889-1945), que dizia que a maçonaria era uma arma dos judeus, mandou fechar todas as lojas alemãs, prendeu líderes e, em 1937, organizou a Exposição Antimaçônica. Aberta em Munique pelo ministro da propaganda, Joseph Goebbels, a mostra reunia peças de lojas invadidas. Na Espanha, em 1940, o general Francisco Franco (1892-1975) proibiu a existência dos grupos e condenou seus membros a seis anos de prisão.

Nem só a perseguição fez organização perder poder. A maçonaria não se adaptou aos novos tempos, diz Françoise Souza. Ela foi poderosa enquanto era um local único de reunião de pessoas. Com a consolidação da sociedade civil, surgiram outros espaços associativos, como partidos, sindicatos e organizações não-governamentais. Além disso, causas clássicas da maçonaria, como a liberdade religiosa, viraram direitos. Mas ainda existem locais onde a segurança e a valorização da liberdade de expressão são fundamentais. É o caso de Israel. Em Jerusalém, as lojas reúnem cristãos, judeus e muçulmanos, que conversam abertamente, trocam experiências e sabem que podem confiar uns nos outros, afirma o historiador Jan Snoek. Em lugares assim a maçonaria continua, como era em suas origens, uma organização inovadora.



Fundadores legendários
Estes seriam os primeiros maçons, segundo as lendas


Crédito: Pixabay


Adão
Alguns integrantes da ordem defendem que Deus foi o primeiro maçom, afinal (como um bom
pedreiro) ele construiu o mundo inteiro em seis dias. Para outros, esse cargo cabe a Adão. Ao ser expulso do paraíso, ele teve de encontrar uma forma de construir abrigo. Seus ensinamentos teriam sido levados adiante por seu filho Caim.

 Noé
De acordo com a Bíblia, depois de construir um barco e escapar do grande dilúvio com um casal de cada espécie animal, Noé precisou começar tudo do zero. Para alguns maçons, isso faz dele um pioneiro na arte da construção logo, um fundador da ma
çonaria.

Egípcios

Só mesmo grandes engenheiros seriam capazes de construir as pirâmides do Egito antigo. Por isso, não falta quem diga que entre os egípcios também estavam os primeiros maçons. Por essa versão, eles teriam criado ritos ocultos, os mesmos que teriam usado na
construção da Grande Pirâmide de Quéops.

Hiram Abiff

Segundo a Bíblia, o rei Salomão teria contratado um outro rei, chamado Hiram Abiff, para ser o engenheiro-chefe de seu templo. De acordo com a maçonaria, Hiram foi morto por funcionários que queriam roubar os segredos de Salomão. Assim, Hiram acabou virando um mártir e também um exemplo de discrição.

Pitágoras
Além de fundador da Matemática como disciplina de estudos, o grego fundou a escola pitagórica, que tratava seus seguidores como uma irmandade sem superiores e seguia rígidos princípios religiosos e de comportamento. Assim, não é difícil entender a ligação que fizeram entre ele e a maçonaria.

Templários
Os sobreviventes da poderosa ordem, destruída em 1312 a mando do papa Clemente V, teriam continuado a se reunir em segredo até voltar a público em 1717, na forma da maçonaria. Algumas palavras

em código dos maçons seriam inspiradas nas senhas usadas pelos templários.
 


SAIBA MAIS:

A Maçonaria – Símbolos, Segredos, Significado, W. Kirk MacNulty, Martins Fontes, 2007
Arquivos Secretos do Vaticano e a Franco-Maçonaria, José Ferrer Benimeli, Madras, 2007
O Poder da Maçonaria, Françoise Jean de Oliveira e Marco Morel, Nova Fronteira, 2008

domingo, 12 de fevereiro de 2017

A Alma e o espírito




Publicado no Grupo Whats App
“Só Irmãos 100” em 20 de Janeiro de 2017 da E.’.V.’.
Do “Breviário Maçônico’ - Rizzardo da Camino, - 6. Ed. - São Paulo. Madras, 2014, p. 39.
 
 
Para profunda reflexão

 
Certos pensadores e religiosos confundem alma com espírito; trata-se de um assunto de alguma profundidade, uma vez que cada maçom sente dentro de si a existência de "alguém" que não pode definir; esse alguém é ele próprio, é o que definiria a alma. 
O espírito é a parte invisível e impenetrável, uma vez que é Deus em nós; é a parcela teísta, é o Criador envolto com a criatura. 
Diz-se que o espírito é imortal, enquanto a alma fenece quando do último suspiro; a alma morre com o ser.
Em caso de ressurreição, ou vida após a morte, a alma não abandona o corpo.
Os espíritas acreditam que a alma está ligada ao corpo por um "cordão de prata"; rompendo-se esse, a alma "sobe" e vai ocupar o seu lugar no Cosmos.
É dito que é a alma que sofre em nós quando o mal atinge o nosso corpo, incluindo a nossa mente; o espírito não é atingido por nenhum mal porque é a representação divina.
Busquemos contatar nossa alma por meio da meditação e encontraremos respostas surpreendentes.
Contudo, é possível ao homem contatar com o seu espírito por meio de exercícios, pertinácia e aventura.

Ata Histórica da Sessão de Instalação do Grande Oriente do Brasil - 1822


 
Publicado na página do Facebbok
em 26/01/2017 da E.'.V.'.

Reproduzimos a seguir, um documento pouco divulgado e pouco conhecido, mas de suma importância para a Maçonaria Brasileira, eis que implanta uma Potência Maçônica nacional e desvinculada do Grande Oriente Lusitano.

 

Poucos meses depois, o próprio país tornou-se independente de Portugal, tendo, a Maçonaria, contribuído decisivamente para tal.

 

Foi uma iniciativa da Loja Commercio e Artes, que se dividiu em duas outras Lojas, possibilitando, assim, com três Lojas, a formação de uma Potência Maçônica. Historiadores, eminentes IIrm.’. e mesmo o próprio Grande Oriente do Brasil, por muito tempo, considerou que essa histórica sessão ocorrera em 28 de maio de 1822, por desconhecimento do complicado Calendário Maçônico utilizado na época.

 

A sessão ocorreu, na verdade, em 17 de junho de 1822, no Rito Adonhiramita, como se pode observar pela utilização de nomes históricos, característica do Rito.

Sem mais delongas, vamos à ata de instalação do Grande Oriente do Brasil, valendo dizer que os parênteses são nossos.

 

À GL.’. DO GR.’. ARCH.’. DO UNIVERSO

1ª SESSÃO - ASSEMBL.’. GER.’.

 

Aos 28 dias do 3º mez do anno da V.’.L.’. 5822 (segunda-feira, 17 de junho de 1822 E.’.V.’.) achando-se abertos os trabalhos da Nossa ordem, em o gr.’. de Aprendiz, e havendo descido do Oriente o Ir.’. Gracco (Capitão João Mendes Vianna), Ven.’. da Loj.’. Commercio e Artes, única até este dia existente e regular ao Or.’. do Rio de Janeiro, porque nessa occasião reassumia o Povo Maçon.’., reunida para a Inauguração e Creação de um Grande Oriente Brasiliano, tôda a plenitude dos seus poderes, foi por aclamação nomeado o Ir.’. Gracco (Capitão João Mendes Vianna), que acabava de Ven.’., para Presidente da sess.’. magna e extraordinária, naquela occasião convocada para a eleição dos OOfic.’. da Gr.’. Loj.’., na conformidade da Constituição jurada. Tomando assento no meio do quadro, em uma mêsa para esse fim preparada, na qual estava o Evangelho, o Compasso e a Esquadria, a Constituição e uma urna, disse o Presidente que era mistér nomear um Secr.’. e um Escrutinador para a apuração dos votos na presente nomeação; e sendo eleito o Ir.’. Magalhães (Miguel de Macedo), que servia de 1º Vig.’., e o Ir.’. Annibal (Major Albino dos Santos Pereira), que servia de 2º, aquele para Secret.’. e este para Escrutinador, fêz o Presid.’. ler os artigos da Constituição, respectivos à eleição, e logo depois que o Presid.’. disse que se passava a fazer a nomeação do Gr.’. Mestr.’. da Maçon.’. Brasiliana, foi nomeado por aclamação o Ir.’. José Bonifácio de Andrada. Propoz logo o Ir.’. Presid.’. que se aplaudisse tão distinta escolha, com a tríplice bateria e se despachasse ao novo eleito uma Deputação, a participar-lhe este sucesso e a rogar-lhe o seu comparecimento para prestar o juramento de tão alto emprêgo. Foram nomeados para a Deputação o Ir.’. Diderot (Joaquim Gonçalves Ledo) e o Ir.’. Demetrio (Antonio dos Santos Cruz), os quais voltaram, dizendo o Ir.’. Diderot (Joaquim Gonçalves Ledo) que o Gr.’. Mestr.’., por motivos que obrigações a que o chamava o seu emprêgo civil, não podia comparecer; que aceitava aquelle com que esta Loj.’. o honrava e agradecia; que protestava a todo o Corpo Maçon.’. Brasileiro a mais cordial amizade e todos os serviços que lhe fossem possíveis. Procedeu-se depois a nomeação do Delegado do Gr.’. Mestr.’., e bem que a Constituição determinasse que fôsse ela feita por votos, o mesmo Povo dispensou o artigo, fazendo a escolha por aclamação e foi com effeito aclamado o Ir.’. Joaquim de Oliveira Alves. Applaudiu-se a sua eleição e enviou-se-lhe uma Deputação, composta do Ir.’. Turenne (Brigadeiro Luiz Pereira da Nóbrega) e do Ir.’. Urtubie (Major Francisco de Paula Vasconcelos), a qual, de volta, participou que se achava  na sala dos passos perdidos o Ir.’. Gr.’. Delegado. Saiu uma nova Deputação de cinco membros, dirigindo-lhe a palavra o Ir.’. Diderot (Joaquim Gonçalves Ledo). Foi depois introduzido na Loj.’. por baixo da abóbada de aço e estrelada, e prestou o juramento seguinte: “Eu, F.’. de livre accordo e vontade, na Presença do Supr.’. Arch.’. do Universo, que lê no meu coração e na de todo o Povo Maçon.’. Brasil.’. aqui representado, juro de não revelar a profano algum, nem Maç.’. deste ou de outro qualquer Or.’., a palavra sagrada da Ord.’. e a de Passe deste Or.’., assim como todos os segredos que são concernentes ao logar de Gr.’. Delegado do Or.’. Brasil.’., tanto nesta occasião como em outra qualquer, excepto ao meu futuro successor. Outrossim, prometo preencher todas as obrigações do meu cargo, conformando-me com a Constituição deste Or.’. e com os Regulamentos da Gr.’. Loj.’., de uma maneira que possa promover o augmento e gloria deste Or.’. e de todas as LLoj.’. do seu circulo; e de empregar todos os meus esforços, sempre que forem necessários, a bem de todos os Maçons, e de sustentar a causa do Brasil (importante e esclarecedor trecho do juramento: “sustentar a causa do Brasil”), quando compatível fôr com as minhas faculdades. E si trahir e perjurar qualquer destas obrigações, de novo me submeto às penas dos meus ggr.’. e ao desprezo e execração pública. Assim Deus me salve!”. Recebeu aplausos, dirigiu a palavra a toda a Gr.’. Assembléia e pediu que o dispensasse de assistir por mais tempo, porque deveres, igualmente sagrados, do seu emprêgo, o chamavam à casa. Saindo o Gr.’. Delegado procedeu-se, por cédulas nominais, à nomeação dos demais OOffic.’. da Gr.’. Loj.’.  e saíram em maioria absoluta, para 1º Gr.’. Vig.’. o Ir.’. Diderot (Joaquim Gonçalves Ledo); para 2º o Ir.’. Gracco (Capitão João Mendes Vianna); Gr.’. Orad.’. o Ir.’. Kant (Cônego Januário da Cunha Barbosa); Gr.’. Secret.’. o Ir.’. Bolívar (Capitão Manoel José de Oliveira); Promotor o Ir.’. Turenne (Brigadeiro Luiz Pereira da Nobrega); Gr.’. Chanc.’. o Ir.’. Adamastor (Francisco das Chagas Ribeiro). Foram gradualmente applaudidas as suas nomeações e seguiram-se as nomeações dos VVen.’. das três LLoj.’. Metropolitanas, que se devem igualmente  erigir, e foram eleitos  os IIr.’. Brutus (Major Manoel dos Santos Portugal), Annibal (Major Albino dos Santos Pereira) e Demócrito (Major Pedro José da Costa Barros) (importante observar que muitos Maçons eram militares de alta patente e que vieram a contribuir, quando da Independência do Brasil, com a consolidação do regime, sendo deslocados para debelar os focos de resistência). Aplaudiu-se a nomeação e em ato sucessivo prestou o 1º Gr.’. Vig.’.  o juramento, nas mãos do Presidente, e subindo ao throno o deferiu a todos os OOffic.’.  e VVen.’.. Mandando depois os OOffic.’. da Gr.’. Loj.’. tomarem os seus logares, ordenou aplausos de agradecimentos a todos os OOffic.’. da pretérita Loj.’. Commercio e Artes pelos seus assíduos desvelos na causa da Maçon.’.. Proposta, pelo Ir.’. 1º Gr.’. Vig.’., para a proxima sessão o sorteamento  dos membros e nomeação  dos DDign.’. das LLoj.’. novamente creadas, o Ir.’. ex-Orad.’., pedindo a palavra, ponderou que podia, pela sorte, ficar alguma das LLoj.’.  privadas de IIrm.’. que, pelo seu gr.’., pudessem ser DDign.’.; portanto propunha que se fizesse o sorteio por turmas dos ggr.’.  existentes, para que a cada uma coubesse igual numero de IIr.’. graduados. Porem o 1º Gr.’. Vig.’., tomando a palavra, mostrou que era mais liberal sortear promiscuamente  e deixar a cada uma das LLoj.’. a nomeação  dos seus DDign.’., para o que poderia ser eleito qualquer Ir.’. de qualquer gr.’.  dando-se depois o gr.’. de Mestr.’., assim como na creação da Gr.’. Loj.’., saindo GGr.’. DDign.’. IIr.’. MMestr.’., ipso facto hão de receber os altos ggr.’.. E supposta a moção suficientemente discutida e posta a votos foi aprovada a emenda e se decidiu que se procedesse da maneira indicada pelo Ir.’. 1º Gr.’. Vig.’.. Deste modo se deram por terminados os trabalhos desta ses.’. magna e extraordinária, ficando assim instalada a Gr.’. Loj.’., ordenando, porém, o 1º Gr.’. Vig.’. que eu, Secr.’. da Gr.’. Loj.’., lavrasse e exarasse a sua ata, para perpétuo documento, neste Livro, que deverá servir para as das Assembéias Gerais e igualmente da Gr.’. Loj.’.

Na 2ª sessão, realizada 4 dias depois, em 21 de junho, foram sorteados outros 32 IIr.’. para cada uma das 3 LLoj.’. que comporiam o Grande Oriente do Brasil e na 3ª sessão, realizada no dia 29 de junho, decidiu-se os títulos distintivos das LLoj.’. nº 2 (União e Tranqüilidade) e 3 (Esperança de Nichteroy). O nº 1 foi mantido para a Loj.’. Commercio e Artes.

 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A MAÇONARIA NO BRASIL ANTES DA FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL (1822)



Enviado por email em 19/01/2017 da E.'. V.'., pelo
Ir.'. José Carlos Vicenzo
da ARLS "Luz de São João" nº 750
Or.' de São Bernardo do Campo - SP


Existe pouca literatura maçônica confiável a respeito desse assunto, permanecendo um tanto nebuloso e caótico os primórdios da Maçonaria no Brasil. Além disso, muitos historiadores Profanos e mesmo Maçons, confundiram certos clubes e associações secretas com Lojas Maçônicas,
provavelmente em virtude de abraçarem ideais maçônicos e deles participarem Maçons.


A Maçonaria foi introduzida no Brasil no final do século XVIII, com o despertar da consciência e o crescente desejo da independência, agravado pelos cruéis e implacáveis métodos que Portugal infligia aos brasileiros, sobretudo em relação a qualquer sentimento nativista de emancipação política do jugo português. Todavia, no início do século XIX é que começaram a proliferar Lojas Maçônicas nos estados de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Umas independentes de qualquer Obediência Maçônica e outras sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano ou do Grande Oriente de França.
Não se tem certeza de qual Rito praticavam as independentes, mas as jurisdicionadas ao Grande Oriente de França funcionavam no Rito Moderno ou Francês e as jurisdicionadas ao Grande Oriente Lusitano no Rito Adonhiramita.

1789 – Minas Gerais: Discutível a afirmação do Ir.’. A. T. Cavalcanti in “A Maçonaria e a Grandeza do Brasil”, que afirma que não só Tiradentes como outros inconfidentes eram Maçons e que ele chegou a fundar uma Loja
Maçônica no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina - MG. Não há como se provar que o protomartir da Independência do Brasil tenha sido Maçom, conquanto seus companheiros inconfidentes possam ter sido efetivamente iniciados na Europa, pois muitos mineiros, na época, foram estudar na Universidade de Coimbra, retornando ao país com ideais liberais e libertários que circulavam na Europa em fins do século XVIII. O alferes (subtenente) Tiradentes, em verdade, não tinha a mesma relevância de outras figuras que participaram da Inconfidência Mineira, como Cláudio Manuel da Costa (poeta e ex secretário de governo), Tomás Antônio Gonzaga (ex ouvidor da comarca), Inácio José de Alvarenga Peixoto (minerador e grande proprietário de terras), Francisco de Paula Freire de Andrade (tenente-coronel), Domingos de Abreu Vieira (coronel) e os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa.
Provavelmente, foi usado como “cristo”, pois foi o único condenado à morte, servindo de exemplo para que outros brasileiros não tivessem as mesmas ideias libertárias. Foi enforcado, decapitado e esquartejado. Sua cabeça foi fincada a um poste em Vila Rica e seus restos mortais distribuídos em
Santana das Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (atual Conselheiro Lafaiete).


1796 – Pernambuco: Alguns autores sustentam que o Areópago de Itambé teria sido uma Loja Maçônica, mas certamente não foi, conquanto tenha sido criado sob inspiração maçônica.
Era formado tanto por Maçons quanto por Profanos.

1797 – Bahia: Fundação da primeira Loja Maçônica no Brasil, a bordo da fragata francesa La Preneuse, a Loja Cavaleiros da Luz, que se fixou em Barra, distrito de Salvador.
Provavelmente funcionava no Rito Moderno ou Francês e não se tem registros de por quanto tempo funcionou.

1800 – Rio de Janeiro: Fundada em Niterói a Loja União, que em 1801 tornou-se a primeira Loja regular brasileira, sob o título Loja Reunião, jurisdicionada ao Grande Oriente de França, pelo Oriente da então Ille de
France, possessão francesa e atual Ilhas Maurício, possessão britânica.
Funcionava no Rito Moderno ou Francês.

1802 – Bahia: Fundada em Salvador a Loja Virtude e Razão, que logo “bateu colunas” devido as perseguições do governo português. Alguns remanescentes dessa Loja fundaram, em 1807, a Loja Virtude e Razão Restaurada, passando,
depois, a se chamar Loja Humanidade.

1804 – Rio de Janeiro: Fundada pelo Grande Oriente Luzitano a Loja Constância e Filantropia e Loja Emancipação, fechadas em 1806 por ação do Conde dos Arcos. As Lojas funcionavam no Rito Adonhiramita.

1808 – Rio de Janeiro: Com a vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, em fuga das invasões napoleônicas, fundou-se a Loja São João de Bragança, da qual fizeram parte muitos funcionários do Paço e a Loja Beneficência. Ambas funcionavam no Rito Adonhiramita.

1809 – Pernambuco: Fundação da Loja Regeneração.

1812 – Rio de Janeiro: Fundada em Niterói a Loja Distintiva, que tinha em seu estandarte um índio de olhos vendados e manietado com grilhões e um gênio em ação de o libertar, uma referência claramente republicana e revolucionária.

1813 – Bahia: Fundação em Salvador da Loja União.

1815 – Rio de Janeiro: Fundadas em Campos dos Goytacazes as Lojas “Firme União”, ”União Campista” e ”Filantropia e Moral”.

1815 – Rio de Janeiro: Fundação da Loja Commercio e Artes, fechada em 1818 por ordem do governo português, que proibia o funcionamento de sociedades secretas tanto no Brasil quanto em Portugal em virtude de dois fatos ocorridos em 1817: a Revolução Pernambucana, movimento revolucionário
nacionalista, e a Conspiração Liberal de Lisboa, liderada pelo ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Luzitano, o General Gomes Freire de Andrade. Em 1821 a Loja Commercio e Artes – Idade do Ouro foi reinstalada, sob os auspícios do Grande Oriente de Portugal, Brasil e Algarves e em 1822 cindiu-se em duas outras, a União e Tranquilidade e a Esperança de Nichteroy, constituindo assim o Grande Oriente do Brasil, livrando-se da subordinação à Obediência Maçônica portuguesa e fomentando a Independência do Brasil. As primeiras Potências Maçônicas a reconhecer a nova Obediência foram as da França, Inglaterra e Estados Unidos.